Daddy Yankee diz que carregava reggaeton nas costas nos tempos de ‘Gasolina’
Daddy Yankee é um dos cantores de “Despacito”, grande hit de 2017, mas falar que a carreira dele se resume a isso é injusto demais. Sem o cantor porto-riquenho, a história do reggaeton seria bem diferente.
Tudo começou quando “Gasolina” chamou atenção fora do mercado latino, em 2005. Ela foi lançada no disco “Barrio Fino”, terceiro de estúdio de Yankee e hoje considerado um álbum importante para o gênero.
O reggaeton já era um estilo popular entre países que falam espanhol, mas o alcance global aconteceu em 2017 com “Despacito”, sucesso da música de Luís Fonsi com Yankee.
Tanto que não é mais tão difícil ver músicas cantadas em espanhol indo bem nas paradas globais ou americanas, como era no começo dos anos 2000.
“Eu estava carregando todo o gênero nas minhas costas em algum momento”, diz Yankee ao G1.
“Isso era ruim porque não tinha mais ninguém, mas com o tempo fui ganhando colegas”. E a lista ficou grande com J Balvin, Ozuna, Bad Bunny, Maluma, Karol G, Natti Natasha como alguns exemplos.
“Ver esses talentos surgindo na cena urbana latina também é inspirador. Eu me sinto honrado que eles me olharam como exemplo, mas ao mesmo tempo, eu os respeito como artistas e em como eles estão indo bem em suas carreiras”, explica com uma leve modéstia.
Apesar de usar o polêmico termo “urban music” na entrevista, o cantor se juntou a J Balvin, Maluma e Karol G para boicotar o Grammy Latino de 2019 depois de músicas e artistas do reggaeton serem “ignorados” nas categorias principais.
Sempre focado
Parece redundante, mas a forma como Rámon Luís Ayala Rodriguez, nome de batismo do cantor, fala sobre o ato de entrar no estúdio impressiona. “Tenho um único objetivo: criar hits”, afirma.
“Michael Jordan não seria Michael Jordan se não fosse pelo seu desempenho nos jogos e é isso que eu me exijo no estúdio”, compara Yankee .
O jogador de basquete americano é o primeiro Michael que ele cita durante a entrevista como referência. O outro é Michael Jackson. “Ele me inspira em tudo.”
Um fenômeno chamado reggaeton
O cantor lembra dos momentos em que assistia aos vídeos do americano, quando criança. “O que eu acho mais fascinante é como ele fazia clipes instigantes, que prendiam às pessoas”.
“Mesmo que eu faça outro tipo de música pop, ele é meu exemplo para criar clipes, com coreografias interessantes.”
“Quero impactar o mundo que nem ele, transcendendo os idiomas e as barreiras culturais”, diz ao falar que gostava do ídolo pop mesmo sem entender uma palavra do que ele cantava.
E o foco gera resultados. Além dos milhões de plays no streaming e no YouTube, o cantor ganhou um Grammy Latino pelo álbum “Barrio Fino” em 2005 e quatro em 2017, por “Despacito”.
“Dura” também foi premiada em 2018 como “Melhor Canção Urbana”, já “Con Calma”, parceria com Snow, foi indicada em 2019, mas não levou.
Orgulho latino
‘3 décadas de esforço em uma noite’ escreveu Daddy Yankee depois de ser grande vencedor do Lo Nuestro, premiação espanhola para música latina — Foto: Reprodução/Instagram/DaddyYankee
Cantar em espanhol e ser um representante da cultura latina nunca foi algo que deixasse o cantor de 43 anos pressionado, pelo contrário.
“É um dos meus maiores desafios e a minha maior satisfação ao mesmo tempo.”
“Viajei o mundo falando minha língua, sem tentar seguir outros idiomas ou culturas e sou um artista global”.
Artista global, “pai do reggaeton”, Yankee gosta desse rótulos? Na verdade, ele prefere ser reconhecido como “um homem trabalhador e apaixonado pela música”.
Vida pessoal equilibrada
Apesar de parecer workhalic, ele diz que encontrou um equilíbrio para conciliar o trabalho e a família com três filhos e até arruma tempo para curtir uma praia.
O esporte também tem espaço na agenda. O cantor tem um equipe de softball chamada El Cartel Softball e de vez em quando joga com a equipe para promover eventos beneficentes.
Yankee era apaixonado por beisebol na adolescência e queria seguir carreira esportiva, mas um tiro na perna fez com que mudasse os planos e entrasse de vez na música.
O sonho era jogar pelo New York Yankees. “A princípio não entendia, mas logo depois vi que Deus tinha outro plano para mim.”
De todas as concessões feitas pela carreira na música, ele só não negocia uma: sair de Porto Rico. “Não troco por nada.”
Fonte: G1 – Pop & Arte