Desaparecidos no Tocantins: veja relato de quem já conviveu de perto; mais de 500 casos em 2023
No último domingo (17), mais uma notícia de desaparecimento de pessoas em Palmas (TO) chamou a atenção e mobilizou as redes sociais. Esses casos, geralmente divulgados por imagens acompanhadas da palavra “Desaparecido” ou “Desaparecida”, juntamente com um número de contato, têm se tornado frequentes no estado, provocando uma crescente inquietação entre os moradores. Felizmente, dessa vez, os familiares informaram que a pessoa havia sido encontrada na manhã seguinte (18).
Segundo o Núcleo de Coleta e Análise Estatística da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Tocantins (SSP-TO), até o dia 17 de dezembro, foram registrados 528 casos de desaparecimento de pessoas no Estado, quase a mesma quantidade do mesmo período do ano anterior, quando foram contabilizados 530.
Além desses 528 casos, outros 21 registros foram de menores desaparecidos. Em contrapartida, apenas 298 localizações de pessoas desaparecidas foram registradas este ano. Isso não significa necessariamente que a diferença, ou parte dela, não tenha sido encontrada, mas pode indicar que o reaparecimento dessas pessoas talvez não tenha sido oficialmente registrado.
Relatos
Relatos de pessoas que atravessaram o desaparecimento de amigos ou familiares oferecem uma janela para os desafios emocionais e as estratégias de enfrentamento de situações como essa. Em uma dessas histórias, uma pessoa cujo amigo passou quase uma semana desaparecido – sem ter notícia alguma nesse período – compartilhou um pouco dos sentimentos vivenciados e conselhos para enfrentar momentos como esses.
“É assim, a primeira coisa que a gente pensa, primeiro de tudo, é culpa de onde a gente estava, que não viu, que não percebeu. O sentimento de responsabilidade, a frustração por não ter agido ou percebido sinais, é uma carga pesada para quem está próximo da pessoa desaparecida. Na busca por respostas e com a sensação de impotência, a gente fica tentando sempre achar a culpa em alguma coisa”, explicou.
Ela também disse ao AF Notícias que a angústia de não poder resolver tudo é um fardo pesado, levando muitas vezes ao esgotamento emocional. “A gente se desespera, justamente por saber que não depende de nós. Mesmo mobilizando todas as forças e recursos disponíveis, muitas vezes é um desafio enfrentar a incerteza e lidar com a falta de controle”, explicou.
No entanto, a entrevistada enfatizou a importância de manter a racionalidade e a calma, mesmo nos momentos mais difíceis. “Tentar manter o máximo de racionalidade possível, tomar um banho demorado e tentar raciocinar sobre o que eu posso fazer hoje. Focar na busca e compreender que nem tudo está sob nosso controle é crucial para lidar com a frustração e a insegurança”, aconselhou.
Ela também ressaltou um ponto importante, de que a preocupação constante com o bem-estar da pessoa desaparecida pode levar a um estado emocional desgastante. “Com medo de perder, a gente fica ruim, deprimida mesmo, começa a passar besteira na cabeça, por isso a importância de cuidar da própria saúde mental e a necessidade de descanso, além de uma alimentação adequada para manter a clareza mental durante as buscas”.
Para finalizar, ela ressaltou algumas orientações importantes para quem pode estar passando por uma situação como ela e a família passaram. “O meu conselho mesmo é tentar manter ali uma mínima qualidade de sono possível que a pessoa tiver, tentar realmente se esforçar para se alimentar, a entender que não é culpa de ninguém e focar no que a pessoa consegue e pode fazer”, concluiu.
Orientações da SSP-TO
Diante desse contexto, a Secretaria da Segurança Pública, através da Polícia Civil, atendendo à solicitação do AF, ofereceu algumas orientações. A Pasta recomendou primeiramente, que os familiares realizem o registro de um Boletim de Ocorrência (BO) logo nos primeiros momentos após um desaparecimento. Esse documento é importante, pois oficializa o desaparecimento e aciona a Polícia Civil para iniciar uma investigação sobre o caso.
O BO pode ser feito em qualquer Delegacia de Polícia ou Central de Atendimento da Polícia Civil, inclusive pela internet, utilizando a Delegacia Virtual (https://delegaciavirtual.sinesp.gov.br/portal/). Independentemente da maneira como é feito, a Delegacia responsável pelo caso é informada por um sistema interno da Polícia Civil.
A SSP-TO ressalta a importância de, mesmo com o registro na Polícia Civil, a família também informar o desaparecimento à Polícia Militar, através do número de emergência 190. Caso essa comunicação não tenha sido feita, a própria autoridade policial pode agir, buscando a cooperação de diferentes órgãos para aumentar as chances de localização da pessoa desaparecida.
Fonte: AF Noticas