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Dia do Professor | Desafios da carreira docente na rede estadual: entre promessas e realidade

Após o tão aguardado concurso da Educação do Tocantins, que demorou 14 anos para se concretizar, muitos novos servidores depararam-se com os vícios estruturais do estado, com uma realidade distante das expectativas geradas.

Apesar da implementação de um processo seletivo para gestores escolares em 2023, poucas transformações significativas foram observadas. Ao contrário, o processo revelou anomalias e irregularidades destinadas a acomodar indicações políticas, contrariando princípios democráticos e meritocráticos.

Casos críticos foram relatados, como diretores inicialmente reprovados que, por meio de recursos pouco transparentes, obtiveram sucesso na conquista da direção escolar. Houve, inclusive, situações em que o segundo colocado assumiu o cargo.

Situação escandalosa ocorreu com algumas escolas cujos diretores sequer alcançaram a nota aprovativa (no porcesso de 2023), mas ainda assim permaneceram em seus cargos.

O novo edital para o processo seletivo de 2024 endureceu os critérios, elevando a nota de corte da prova objetiva de 60 para 70 pontos, dificultando a renovação dos gestores escolares. Ações como essas sugerem a intenção velada de manter determinados gestores em seus cargos, independentemente do mérito.

Tais práticas reforçam a sensação de impunidade de gestores acusados de abusos e assédio moral contra servidores, apesar de inúmeros processos, denúncias e até boletins de ocorrência registrados. Esses profissionais se mantêm intactos em suas funções diretivas.

A carreira da Educação no estado é atrativa? 

A remuneração dos profissionais da educação está entre as menores da região. O plano de carreira está defasado. Um professor com doutorado e anos de magistério não consegue igualar o salário inicial de estados vizinhos. Portanto, a realidade vivenciada pelos educadores é outra, muito aquém do discurso oficial.

Sistema de gerenciamento escolar, é intuitivo?

O novo sistema de gerenciamento escolar, ao invés de facilitar, aumentou a burocracia e as dificuldades enfrentadas pelos docentes, travando o trabalho pedagógico.

A infraestrutura escolar atende às necessidades?

No Estado, algumas escolas se destacam por suas excelentes estruturas, como algumas do ensino integral. No entanto, e quanto às demais? Há instituições com graves deficiências na parte elétrica, hidráulica e estruturas precárias. Incidentes envolvendo servidores e alunos ocorrem devido à falta de infraestrutura adequada. Em algumas escolas, os horários são ajustados (dimunuídos) para lidar com o calor intenso. A ausência de ventilação adequada torna a situação desafiadora.

Conclusão

Muitos professores enfrentam dificuldades e abusos em seu trabalho, salários baixos, carga horaria de trabalho exaustiva, um sistema de gerenciamento escolar que dificulta o trabalho pedagógico.

Enquanto isso, o governo se vangloria do Ideb. Mas será que vale a pena escolher essa carreira? Precisamos de mudanças reais que valorizem o papel do professor e a qualidade do ensino. Nosso papel é formar cidadãos, não alimentar más práticas políticas.

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*Artigo produzido por uma professora recém-empossada no último concurso da Educação do Tocantins, que pediu para não ser identificada por temer represálias. 

Fonte: AF Noticias