Em cinco anos, gasto com tratamento contra câncer cresceu 66%
O gasto do Ministério da Saúde com tratamentos contra câncer cresceu 66% nos últimos cinco anos, saltando de R$ 2,1 bilhões em 2010 para R$ 3,5 bilhões em 2015, segundo levantamento da pasta feito a pedido do Estado. O montante inclui recursos para procedimentos como cirurgias oncológicas, quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia e cuidados paliativos.
Também cresceu, no período analisado, o número de pacientes com câncer atendidos no Sistema Único de Saúde (SUS). Nos últimos cinco anos, o volume de doentes em tratamento na rede pública passou de 292 mil para 393 mil.
Os números são reflexos do aumento de casos de câncer no País nos últimos anos e do lançamento de novas terapias e medicamentos de alto custo contra a doença. Eles indicam um desafio para os gestores do sistema: com o envelhecimento da população, a tendência é que os casos da doença cresçam ainda mais e exijam um investimento maior nas áreas de prevenção, detecção e tratamento.
Isso explica por que a incidência de câncer é maior em pessoas mais velhas. “Vários cânceres aumentam com a idade, como o de mama, os tumores gastrointestinais, alguns hematológicos”, diz Auro del Giglio, coordenador do HCor Onco e da oncologia clínica do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC) e professor titular de hematologia e oncologia da Faculdade de Medicina do ABC.
Segundo os especialistas, mesmo entre os cânceres que podem ser prevenidos, a idade avançada acaba aumentando o risco de desenvolvimento da doença, porque o tempo de exposição a fatores cancerígenos, como tabaco, é maior. “O câncer é uma doença com período de latência longo, ou seja, a carcinogênese ocorre pelo menos dez anos antes do aparecimento do tumor. Portanto, a prevenção e redução dos fatores de risco podem reverter as chances de desenvolvimento da doença”, afirma Maria Paula.
Políticas
Para tentar reduzir o impacto do câncer sobre a população e sobre o orçamento público, os governos devem investir em políticas de diagnóstico precoce e promoção da saúde, dizem os especialistas.
“Tem de falar sobre a doença, estimular a educação para a saúde, reduzir a obesidade, fazer leis que restrinjam ainda mais o tabagismo, colocar a prevenção do câncer ao alcance da população e dar vazão aos casos detectados. Não adianta diagnosticar precocemente e não ter como tratar rapidamente”, diz Giglio.
Para Maria Paula, o sistema de saúde deve buscar maior eficiência. “Uma rede pública eficiente de saúde deve ter indicadores de avaliação periódicos, como a sobrevida dos pacientes tratados, a mortalidade e a tendência de incidência. Avaliar o sistema quanto ao número de casos iniciais tratados e a sobrevida desses casos dá a fotografia da saúde do paciente com câncer”, opina.
(UOL)