Em posse do PT, 3ª via abre fogo contra governo do Tocantins e Kátia Abreu, chamada de “câncer” por Carlos Amastha
A cerimônia de posse da presidência e membros do Diretório Estadual e Municipal do Partido dos Trabalhadores (PT) foi marcada por fortes críticas ao governo e por palavras de apoio à terceira via, grupo formado, por enquanto, por PT, PP, PSL e PCdoB, que tenta viabilizar uma candidatura alternativa ao governo do Tocantins nas eleições deste ano. O prefeito de Palmas, Carlos Amastha (PP), disse que só fará aliança com o PMDB se o partido “se livrar” da senadora Kátia Abreu (PMDB), a quem se referiu como “câncer”.
A solenidade contou com a presença de representantes do Partido Progressista (PP), Partido Social Liberal (PSL), Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e, antes de começarem os discursos repletos de críticas ao atual governo do Estado, tomaram posse os membros do Diretórios Metropolitano e Estadual do PT para mandato de quatro anos. Logo em seguida, foi empossado o presidente do partido na Capital, George Brito, que representou no ato, também, a posse dos 72 presidentes municipais. Por último foi empossado o presidente regional, Julio César Ramos Brasil.
Após a posse, tiveram início os discursos das autoridades que compuseram a mesa. As falas foram marcadas por mensagens de apoio ao partido e à terceira via, mas trouxeram muitas críticas ao governo do Estado.
O novo presidente do partido em Palmas, George Brito, começou parabenizando Amastha pela coragem de “peitar os especuladores imobiliários”, mas não deixou de registrar sua crítica quanto à falta de participação popular no reajuste na Planta de Valores Genéricos da Capital, que acarretou no aumento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). “Quero parabenizar o prefeito pela coragem de peitar os especuladores na questão do IPTU, mas queríamos participar mais, através de audiência pública, assim poderíamos ajudar mais. Precisamos discutir junto à prefeitura e colaborar com o prefeito”, declarou.
O presidente do PT regional, Julio César, evitou críticas e disse que o partido “tem que olhar para o futuro”. “Ver o futuro é muito difícil, avaliar o passado é muito fácil, mas cabe a nós construirmos um futuro melhor, que traga orgulho do nosso Estado”, defendeu.
Para o deputado estadual José Roberto (PT), o Estado está “um caos” e que este está sendo “o pior governo” da história do Tocantins. “Este é o pior governo que tivemos e nunca pensamos que ele pudesse ser tão desastroso para a população”, criticou ele, que deu apoio ao Palácio Araguaia na Assembleia até o primeiro semestre do ano passado.
Política nojenta
Amastha não economizou nas críticas direcionadas ao Estado e disse “os tocantinenses estão cansados da política nojenta” feita no Estado. “Nas últimas eleições para governador, qualquer um que tivesse coragem de enfrentar a política nojenta do Estado, ganharia. Os tocantinenses clamam por mudança. Estamos pagando pelo erro de não acreditar na inteligência do povo”, declarou.
O prefeito criticou Katia Abreu ao dizer ao deputado Junior Coimbra (PMDB) que poderia haver uma união entre as siglas, mas com a senadora não. “Mas, para o PMDB da Kátia Abreu, rainha da motosserra, não. Se livre desse câncer que a gente fala em aliança”, disparou.
O pré-candidato a ogvernador pelo PT, Nicolau Esteves, atacou dizendo que o atual governo, do qual foi secretário estadual de Saúde, vai usar de meios “lícitos e ilícitos para se perpetuar no poder” e que o Estado precisa de um gestor que tenha sensibilidade. “O Estado precisa de um gestor que tenha sensibilidade e que saiba que o mais importante é o ser humano”, disse.
O ex-prefeito de Porto Nacional Paulo Morão fez questionamentos sobre como o governo poderá resolver o “rombo” no Igeprev e falou sobre a criação de cargos comissionados. “Como ele vai resolver a roubalheira do Igprev? Porque a única forma de devolver os 153 milhões é repassando mais dinheiro para cobrir o déficit, mas como fará isso se compromete casa vez mais a receita líquida do Estado com a nomeação para cargos comissionados?”, questionou.
Terceira via consolidada
O prefeito de Colinas, José Santana (PT), falou que a terceira via é uma possibilidade real e que é preciso agir com sabedoria. “A terceira via é uma possibilidade real, temos outros pré-candidatos que não são do PT e precisamos ter sabedoria para agir com isso, não será fácil, mas a vitória é possível com a sabedoria dos dirigentes”, analisou.
Para o presidente da Federação dos Trabalhadores do Estado do Tocantins(Fetaet), Romão, a terceira via tem condições de administrar o Estado de maneira melhor que os governos passados. “É preciso saber ceder e saber avançar. O partido está maduro no estado do Tocantins e precisamos avançar. Podemos administrar esse Estado melhor do que outros já fizeram. Temos condições de ganhar e administrar muito bem”, garantiu.
Amastha também demonstrou apoio à terceira via. “Está na hora de pessoas inteligentes se juntarem. A terceira via é, na verdade, a única via, o único caminho para o Tocantins ser um Estado melhor”, defendeu.
Região Metropolitana
O deputado José Roberto foi um dos criticaram fortemente o atual governo dizendo que a bancada de oposição tem combatido a prática política e os projetos atrasados adotados pelo Estado. “Nós temos feito um enfrentamento ao governo do Estado combatendo sua prática política e seus projetos atrasados”, afirmou. Ele também criticou a aprovação da criação da Região Metropolitana, no final do ano de 2013, e a inclusão da palavra “girassol” ao nome das escolas de tempo integral no Estado. “Na história do Congresso Nacional, nunca se aprovou uma matéria que não tenha sido discutida em ao menos uma comissão. Aqui foi aprovada daquela forma, exatamente para não dar oportunidade que para que a sociedade civil debata o assunto. Queremos ainda, a partir de 2015, tirar a palavra ‘girassol’ do nome de todas as escolas de tempo integral. Só um governo sem o mínimo de compromisso e seriedade para mandar um projeto desse”, criticou.
Paulo Morão disse que falta debate no Estado e criticou a Região Metropolitana alegando ser uma forma tirar a autonomia do prefeito de Palmas para que ele não possa ser reconhecido. “O debate no Estado está muito raso e o governo entende-se como dono e quem não obedece paga caro. O governo toma atitudes desrespeitosas, como sempre, e tira a autonomia do prefeito porque não quer que ele [o prefeito] seja reconhecido como o melhor daqui a alguns anos”, comentou.
Candidatura independente
O presidente regional do PMDB, deputado federal Júnior Coimbra, disse que seu partido pretende lançar candidatura independente, mas que ainda há muito que ser decidido. “Ainda há muita água para rolar ate lá. Pode ser que PMDB e PT não estejam juntos só em nível nacional, mas também no Tocantins. Se não for possível no primeiro turno, que estejamos juntos no segundo turno”, ponderou.
Pré candidatos
A aliança firmada entre PT, PP, PSL e PCdoB resultou em quatro pré- candidatos a governo do Estado, mas apenas Nicolau Esteves e Roberto Pires (PP) participaram da cerimônia. Roberto Pires teve que ir embora ainda durante a cerimônia e nem chegou a discursar.
O ex-presidente do PT Donizeti Nogueira disse que os pré-candidatos a governador pelo PSL, Borges da Silveira e Marco Antonio Costa , não puderam participar devido a outros compromissos, mas que a agenda partidária e do bloco devem ser feitas agora em fevereiro para que a partir de março os trabalhos possam ocorrer em conjunto.
(Cleber Toledo)