Engenheira civil especialista em defeitos estruturais avalia colapso da Ponte JK; veja vídeo
A engenheira civil Marília Araújo, especialista em patologias nas construções, publicou um vídeo em suas redes sociais, fazendo uma análise das possíveis causas que levaram ao colapso Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que ligava o Tocantins e o Maranhão.
Marília já realizou mais de 800 laudos técnicos e abriu cinco empresas na área espalhadas pelo Brasil. Hoje, além de ser referência no Brasil inteiro, ela ensina engenheiros a crescerem profissionalmente por meio dessa área extremamente lucrativa e ainda pouco explorada no mercado.
Com relação à sua especialidade, as patologias na construção civil acontecem quando uma edificação apresenta defeitos, que podem acabar comprometendo o desempenho das funções para as quais ela foi planejada.
Sobre as possíveis causas do colapso
A engenheira inicia o vídeo afirmando que a queda da ponte não foi um acidente. “Tô falando do colapso da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, uma obra inaugurada em 1960, esse é um tema bem delicado e me deixa furiosa porque fico me perguntando até quando?”, começou a especialista.
“É muito bizarro porque não é um caso isolado. Meu nome é Marília Araújo, engenharia civil, especialista em patologia nas construções e hoje vamos falar dos motivos que devem ter levado a essa tragédia e os desafios enfrentados pelas nossas pontes aqui no Brasil”, explicou.
Segundo a engenheira, a ponte foi projetada para os padrões da década de 1960 quando o peso máximo de veículos de carga era cerca de 24 toneladas. “Hoje temos carretas que chegam a pesar até 60 toneladas força. Isso significa que as solicitações estruturais aumentaram significativamente, enquanto pelo que sabemos até agora, a ponte não passou por reforços estruturais adequados em seus 64 anos de uso”, detalhou.
“Esse descompasso entre o projeto original e as demandas atuais podem com certeza ter contribuído para o colapso e esse problema não se limita à ponte Juscelino Kubitschek”, completou a engenheira.
Segundo dados do próprio DNIT, cerca de 640 pontes e viadutos do Brasil estão em condições precárias com risco iminente de colapso. Outras 1080 estão classificadas como sofríveis, o que significa que apresentam danos estruturais significativos, mas sem o risco imediato de desabamento. Apresentou a profissional em seu vídeo.
“Isso é um completo absurdo pessoal! Vão esperar mais quantas pontes caírem?”, falou abismada.
Causas de deterioração
“Marília, o que está levando muitas ponte no Brasil a essa situação crítica?”, questiona a engenheira em seu vídeo, explicando logo em seguida os principais fatores que podem levar a estrutura de uma ponte a colapsar.
Primeiro: ação do meio ambiente. A exposição contra agentes agressivos, chuvas, variações de temperatura e agentes químicos também podem causar danos às estruturas de concreto e, por isso, a importância de fazer as manutenções preventivas.
Segundo: corrosão das armaduras. Em ambientes com alta concentração de cloretos como regiões costeiras, a corrosão das armaduras é um problema muito grave.
Terceiro: aumento de tráfego e peso. A frota de veículos no Brasil aumentou 66,5% entre 2010 e 2020, gerando sobrecargas pras pontes mais antigas.
E o quarto: falta de manutenção preventiva e corretiva. Muitas vezes as inspeções não são feitas com regularidade ou profundidade necessária. “Esses problemas graves e até se forem feitas as inspeções não temos simplesmente a manutenção atrelada a essas inspeções, ou seja, nada vale”, ressaltou a profissional.
“O que as autoridades precisam entender é que a prevenção sempre é mais econômica e eficaz do que a reconstrução após um colapso. E isso começa com investimento em manutenção, inspeções regulares e o uso de tecnologia moderna”, completou Marília. “De nada adianta o DNIT fazer um bom trabalho com as inspeções se não tem verba pra manutenção”, reforçou.
Solução para evitar tragédias
A engenheira apresentou quatro pontos a serem feitos para evitar este tipo de tragédia.
Primeiro, inspeções regulares e especiais. A norma brasileira NBR 9452 e o regulamento do DNIT orientam inspeções rotineiras a cada dois anos e inspeções especiais a cada cinco anos.
Segundo: manutenções atreladas a essas inspeções. Terceiro: implementação de sistema de gerenciamento de ponte. Esses sistemas utilizam tecnologias digitais para monitorar e avaliar o estado da ponte ao longo do seu ciclo de vida. “A gente tem alguns exemplos internacionais, como Pontis nos Estados Unidos, e o JBMs no Japão”, explicou.
E quarto: o programa ProARte, esse programa do DNIT, criado em 2016, planeja a reabilitação estrutural, através de reforços estruturais e funcionais; incluindo, o uso do BIM.
Veja o vídeo da especialista:
Fonte: AF Noticias