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Equador transfere sede do governo de Quito para Guayaquil, anuncia presidente Lenín Moreno

Após protestos perto do Palácio Carondelet, o presidente do Equador, Lenín Moreno, decidiu mudar a sede do governo da capital Quito para a cidade costeira de Guayaquil.

O anúncio foi feito em pronunciamento por rádio e televisão já transmitido da cidade costeira nesta segunda-feira (7). Moreno responsabilizou “por tentativa de desestabilizar seu governo” seu antecessor , Rafael Correa, e também Nicolás Maduro, presidente da Venezuela.

Durante o pronunciamento, Moreno estava acompanhado do vice-presidente Otto Sonnenholzner e do ministro da Defesa Oswaldo Jarrín. Ele anunciou que a transferência das operações do governo para Guayaquil se deve ao cerco de manifestantes a Quito.

Moreno culpou Correa – que liderou o país entre 2007-2017 e atualmente está na Bélgica – por estar por trás das supostas tentativas de desestabilizar seu governo. O presidente também reiterou que não voltará atrás nos ajustes econômicos que desencadearam os protestos pelo país.

Um pouco mais cedo, o governo esvaziou o quase sitiado Palácio Carondelet, em Quito. Todos os funcionários e jornalistas que cobrem o Executivo deixaram o complexo.

O Congresso do Equador informou também que manifestantes tentaram ocupar a sede da Assembleia Nacional, em Quito, nesta segunda-feira e em um comunicado disse que “rechaça categoricamente os atos de vandalismo protagonizados nas imediações do Palácio Legislativo, com intenção de tomar a sede do Parlamento” .

Moradores e manifestantes aplaudem a chegada em Quito de manifestantes indígenas para apoiar os protestos contra as medidas de austeridade do presidente do Equador, Lenín Moreno — Foto: Daniel Tapia / ReutersMoradores e manifestantes aplaudem a chegada em Quito de manifestantes indígenas para apoiar os protestos contra as medidas de austeridade do presidente do Equador, Lenín Moreno — Foto: Daniel Tapia / Reuters

Moradores e manifestantes aplaudem a chegada em Quito de manifestantes indígenas para apoiar os protestos contra as medidas de austeridade do presidente do Equador, Lenín Moreno — Foto: Daniel Tapia / Reuters

Há registros de bloqueios e saques em fábricas no norte e centro do país. Em Cotopaxi, manifestantes invadiram empresas vinícolas, de produção e embalagem, de laticínios, de papel e de flores.

Empresários também relataram saques em empresas localizadas no norte de Latacunga.

Ao menos 32 fazendas foram invadidas e saqueadas em Toacazo, Tanicuchí, San Agustín de Callo, Mulaló, Joseguango Bajo e Piedra Colorada.

Equador transfere sede do governo de Quito para Guayaquil

Equador transfere sede do governo de Quito para Guayaquil

Morte

Um homem morreu no domingo (6) no Equador ao ser atropelado por um veículo durante o quinto dia de protestos contra o forte aumento nos preços dos combustíveis. Nesta terça-feira (8), os protestos vão chegar ao sétimo dia.

Nesta segunda, o balanço somava 14 feridos e 477 detidos, segundo a ministra do Interior, Paula Romo. A maioria das prisões foi por vandalismo.

Também nesta segunda, manifestantes indígenas se uniram aos protestos paralisando estradas de todo o país e interditando uma importante rodovia de acesso à capital.

A organização coletiva indígena Conaie disse que as manifestações continuarão até o presidente Lenín Moreno revogar a medida da semana passada que eliminou os subsídios dos combustíveis.

“Mais de 20 mil de nós estarão chegando a Quito para exigir que o governo revogue o decreto”, prometeu o presidente da Conaie, Jaime Vargas. Ele afirmou ainda que a mobilização coincidirá com uma greve nacional programada para a quarta-feira (9).

Estradas estão bloqueadas das terras altas andinas até o litoral do Pacífico, com pedras, pneus e galhos em chamas. O acesso norte a Quito foi paralisado.

A polícia ergueu barricadas ao redor do palácio presidencial, interditando a área do centro enquanto Moreno presidia uma reunião do conselho de segurança para avaliar a crise.

O governo diz que duas dúzias de policiais foram feridos nos confrontos com manifestantes.

As aulas em escolas públicas e privadas seguem suspensas.

Indígenas se unem a manifestantes para bloquear vias e estradas em protesto contra a política econômica do governo em Machachi, na província de Pichincha, no Equador, na segunda-feira (7) — Foto: Rodrigo Buendia/AFP Indígenas se unem a manifestantes para bloquear vias e estradas em protesto contra a política econômica do governo em Machachi, na província de Pichincha, no Equador, na segunda-feira (7) — Foto: Rodrigo Buendia/AFP

Indígenas se unem a manifestantes para bloquear vias e estradas em protesto contra a política econômica do governo em Machachi, na província de Pichincha, no Equador, na segunda-feira (7) — Foto: Rodrigo Buendia/AFP

Aumento dos combustíveis

A decisão do governo, baseada em um acordo com o FMI para obter empréstimos de US$ 4,2 bilhões, deu origem a aumentos de até 123% nos preços dos combustíveis mais usados: o galão de 3,79 litros de diesel passou de US$ 1,03 para US$ 2,30 e a gasolina comum de US$ 1,85 para US$ 2,40.

Na quinta-feira (3), o presidente decretou estado de exceção por 60 dias, com o objetivo de mobilizar as Forças Armadas para restaurar a ordem.

Fonte: G1