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Ex-governador Sandoval Cardoso e outros nove ex-secretários podem pegar até 4 anos de prisão

20150213091239_sandoval1Após a publicação de 15 decretos no Diário Oficial Estadual (DOE), na última quarta-feira (11), suspendendo e anulando inúmeros benefícios, como progressões e promoções, concedidos aos servidores estaduais pelo ex- governador Sandoval Cardoso e outros nove ex-secretários, a Procuradoria Geral do Estado (PGE), a mando do governador Marcelo Miranda (PMDB), ingressou com notícias–crime nas varas criminais da Justiça de Palmas.

Segundo o Governo do Estado, as ações visam garantir a governabilidade da atual gestão, obedecendo aos limites legais da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e aos limites da Lei Complementar 101/00 que preveem prisão e perda de mandato ao gestor que ultrapassar o limite legal de gastos com pessoal, estipulado em 49% da Receita Corrente Líquida.

A Procuradoria entende que houve “má fé” por parte da gestão passada na concessão dos benefícios aos servidores públicos.

De acordo com a PGE, caso fossem pagos todos os benefícios, os gastos com pessoal pelo Governo do Estado chegariam aos 64%, o que seria inviável, ilegal e economicamente impossível, levando em consideração a situação financeira que vem passando o Estado do Tocantins.

A Procuradoria informou ainda que a Administração Estadual não pode contemplar tais atos, uma vez que não dispõe de limite financeiro, nem dotação orçamentária, tendo em vista que todo gasto realizado pelo Poder Público deve ter dotação orçamentária para tal finalidade.

Crime: até 4 anos de prisão

Segundo a Procuradoria, os ex-gestores descumpriram a Constituição Federal, ferindo o artigo 169, a Constituição Estadual, no descumprimento dos artigos 82 e 85, como também a LRF, nos artigos 15 a 23. Ainda segundo a PGE, os ex-gestores descumpriram o Código Penal no artigo 359, alínea G, que versa sobre “Ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete aumento de despesa total com pessoal, nos 180 dias anteriores ao final do mandato ou da legislatura: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)”.

Ações

Para a PGE, deverão responder na Justiça pelos atos criminosos o ex-governador Sandoval Cardoso, além dos ex-secretários da Administração, Lúcio Mascarenhas, o ex-secretário da Fazenda, Joaquim Carlos Parente Júnior, o ex-secretário de Segurança Pública, José Eliú de Andrada Jurubeba, a ex-presidente do Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins – Ruraltins, Miuky Hyashida, o ex-secretário de Saúde, Márcio Carvalho, o ex-presidente do Instituto Natureza do Tocantins – Naturatins, Stalin Beze Bucar, a ex-secretária da Educação e Cultura, Adriana Aguiar, e o ex-presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Tocantins (Adapec), Marcelo Aguiar Inocente.

Para a Procuradoria, todas estas pessoas teriam ou deveriam ter ciência do impacto que tais benefícios e concessões causariam, na já inflacionada, folha de pagamento do funcionalismo público estadual do Tocantins.

Nota Técnica

Ainda na edição do Diário Oficial Estadual, do último dia 11 de fevereiro, o Governo do Estado implantou uma Comissão de Análise de Impacto de Pessoal sobre os Recursos Financeiros do Estado, visando apresentar dados técnicos e informações do impacto financeiro acerca dos gastos com pessoal sob a perspectiva de receitas do Estado.

O estudo utilizou como base a folha de pagamento referente ao mês de novembro de 2014, no valor de R$ 256.827.949,59.

Segundo o presidente da Comissão, o secretário estadual da Administração, Geferson Oliveira Barros Filho, foi tirado o mês de novembro como base para o estudo, tendo em vista que a folha de dezembro é considerada atípica pelo implemento de pagamentos variáveis como indenizações, entre outros.

De acordo com o Secretário, somente com os cortes de nomeações e cargos públicos o Estado economizou R$ 26 milhões e outros R$ 38 milhões, se considerada a folha de dezembro de 2014.

(AF Notícias)