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Filho fez post religioso no Instagram pouco antes de matar a mãe

PAVUTJIIGQ2016082513284125082016O estudante Felipe Farina Garcia, de 25 anos, postou no Instagram uma foto e uma mensagem de cunho religioso pouco antes de matar e esquartejar a própria mãe e de ferir duas vizinhas na Zona Sul de São Paulo, na terça-feira (23), segundo a polícia. Menos de duas horas antes do crime, ele compartilhou na rede social uma foto de seu quarto com uma legenda em que dizia ter encontrado o “Espírito Santo de Jesus Cristo”.

“Maaaano na moral!!! Kkk como é gostoso quando encontramos o Espírito Santo de Jesus Cristo!!! Sem maldade nenhuma!!! Claro neh… Kkk Mó brisa mesmo… As coisas se completam na frente dos nossos olhos, o mundo espiritual se torna real… Tudo fica doce e sinto o cheiro de flores no ar, sua pele se arrepia, seu coração se enche de alegria e luz… Pela certeza da SALVAÇÃO ETERNA!!! DEUS SEJA LOUVADO!!!#jesuscristo #caminho #verdade #vida #eterna #sempre #aindahatempo #33”, afirmou ele na rede.

A mensagem foi postada junto da imagem de um quarto, que a polícia confirmou ser dele. Na parede do cômodo, é possível ver diversos desenhos e pichações. Entre eles, está escrito, com tinta dourada, os dizeres “Paz e amor em Deus”.

No quarto, a polícia também encontrou parte dos vasos com pés de maconha que o estudante cultivava em casa. Em uma outra imagem, tirada após o crime e repassada pelo aplicativo Whatsapp, eles aparecem sobre um espécie de pirâmide composta por uma escrivaninha, bancos, livros e CDs.

Felipe estava detido no 43º Distrito Policial, em Cidade Ademar, mas nesta quarta-feira (24), após ser ouvido por um juiz durante a audiência de custódia no Fórum, ele foi transferido para o 8º DP, no Belenzinho, que possui carceragem para os detentos.

Perguntas sobre a mãe
Suspeito de matar e esquartejar a mãe, o estudante perguntou aos policiais que o interrogavam se ela estava bem. De acordo com a Polícia Civil, a pergunta foi feita mais de uma vez durante o depoimento e, toda vez que era respondida, o jovem começava a chorar.

A polícia afirmou que já ouviu todas as testemunhas do caso, com exceção das duas vítimas que sobreviveram ao ataque mas ainda estão internadas, e disse que não há duvidas sobre a autoria dos crimes. Segundo o 43º Distrito Policial, em Cidade Ademar, responsável pela investigação, tudo indica que Felipe teve um surto psicótico com alucinações.

Umas das testemunhas ouvidas, filha de uma das vizinhas atacadas, contou que não conseguia entender o episódio, já que convivia com Felipe desde que nasceu. Ela se referiu ao estudante como um “irmão de criação”. O jovem alegou à polícia que se lembra apenas de alguns poucos flashes do que aconteceu na manhã da terça-feira.

Felipe recobrou a consciência durante o interrogatório e relatou que fumou maconha no dia do surto. A investigação não crê que o uso da droga tenha alguma relação com ocorrido, já que a erva se caracteriza por produzir comportamento justamente contrário ao que o estudante apresentou. Ele nega que tenha feito uso de algum outro tipo de entorpecente.

As vizinhas que ficaram feridas, Márcia Cristina Gonçalves de Oliveira e Luiza Cristina Borges, estão internadas nos hospitais Pedreira e São Paulo, respectivamente. De acordo com a polícia, ambas estão estáveis e já não correm risco de morte.

O executivo de negócios Phillipe Batista, sobrinho de Márcia, disse que a tia sofreu traumatismo craniano e diversos cortes pelo corpo, entre eles um que rompeu um tendão do pé. “Se não tivesse com bota de couro tinha arrancado o pé dela fora também.” Segundo a Polícia Civil, Felipe amputou um dos pés da mãe e ainda tentou, sem sucesso, cortar o outro.

Batista contou que conversou com um familiar da outra vítima, Luíza, e foi informado por ele de que a mulher ficou cega de um dos olhos e pode ficar com sequelas por conta dos ferimentos. Ela precisou passar por uma cirurgia de emergência devido a uma lesão na cabeça.

Crime
O estudante Felipe Farina Garcia, de 25 anos, foi preso suspeito de matar a facadas a mãe, Suely Guerra Farina, de 59, e ferir duas vizinhas no condomínio em que morava na Vila Inglesa, Zona Sul de São Paulo, na terça.

Segundo o relato de testemunhas à Polícia Civil, o jovem andava paranoico com questões religiosas e se dizia Jesus Cristo. No apartamento dele, policiais militares encontraram um pequeno cultivo de maconha.

O crime aconteceu por volta das 9h, na Rua Vicente Pereira de Assunção, uma travessa da Avenida Yervant Kissajikian. De acordo com os depoimentos dos vizinhos colhidos pela polícia, Suely e o filho viviam sozinhos e tinham um histórico recente de brigas, desde que o estudante passou a demostrar um fanatismo religioso.

Nesta terça, após uma discussão que começou a partir de questões espirituais, Felipe atacou a mãe com uma faca. Suely ainda conseguiu sair do apartamento e, aos gritos, correu em direção às escadas, mas o filho, que dizia que ela estava possuída, a alcançou dois andares abaixo.

Vizinhas
Três vizinhas ouviram o desespero de Suely e saíram de suas casas para ajudá-la. Em vão, segundo a polícia. O estudante esfaqueou a mãe na frente das vizinhas. Duas delas, que tentaram intervir, também foram atingidas com golpes de faca. A terceira conseguiu fugir e se trancou em um dos cômodos de seu apartamento.

Outros vizinhos ouviram a confusão e chamaram a Polícia Militar (PM). Segundo o boletim de ocorrência registrado no 43º DP, Felipe permaneceu nas escadas do edifício depois dos crimes e foi detido lá mesmo pelos policiais. O jovem teria resistido à prisão e entrado em luta corporal com os PMs.

Interrogado na delegacia, o estudante não soube explicar o motivo do ataque. Segundo a polícia, ele alegou que não se lembrava de nada do que acabara de acontecer. Suely não resistiu aos ferimentos e morreu ainda no local do crime. As duas vizinhas também atingidas foram socorridas e encaminhadas a hospitais da região.

Felipe foi autuado em flagrante por homicídio e pela tentativa dos outros dois assassinatos. O estudante também vai responder pelo crime de tráfico, já que a PM apreendeu vasos com pés de maconha com o equivalente a 102 gramas da droga no quarto dele.

O estudante Marco Hasckel foi colega de classe de Felipe na universidade e contou que ele era um rapaz inteligente e estudioso, mas que “andava estranho ultimamente”. “Perdemos um pouco o contato da faculdade, mas de vez em quando encontrava com ele correndo pelo bairro. Tava meio apegado com esse negócio de Igreja, achando que todo mundo era pecador. Uns amigos dele mais próximos falaram que ele dizia ser Jesus”, afirmou.

(G1)