Fisioterapeuta de UTI em Araguaína explica as principais sequelas pós-Covid e orienta
As pessoas que passaram por um período prolongado internadas em hospitais, principalmente em unidades de terapia intensiva (UTI), devido à Covid-19, precisam passar por uma avaliação médica para analisar as possíveis sequelas deixadas pela doença. Portanto, aquela famosa placa ‘Venci a Covid’ deve ser interpretada com cautela.
O fisioterapeuta especialista em UTI, Santo Ezio Bazzo Júnior, explicou ao portal AF Notícias sobre o tratamento pós-Covid que alguns pacientes precisam receber para realmente vencer a doença. “A recuperação da Covid-19 vai, muitas vezes, além da alta hospitalar. Muitos pacientes que tiveram a Covid ficam com sequelas físicas e mentais que não desaparecem sozinhas. Cuidados especializados são necessários para recuperar a saúde e a qualidade de vida”, afirmou.
De acordo com o especialista, os pacientes que tiveram complicações e ficaram internados por longo período, voltam para casa muito fragilizados. “Alterações cardíacas, respiratórias, neurológicas, fraqueza muscular, perda da mobilidade e fadiga são comuns, além de impactos à saúde mental e na memória. Nestes casos é preciso reabilitar para finalmente levantar a bandeira de vitória!”, explicou.
Em Araguaína, na sua clínica que atende pessoas que tiveram a doença, já foram reabilitados 84 pacientes desde janeiro de 2021. Atualmente, 16 pessoas estão em reabilitação pós-Covid.
Tratamento
O especialista esclareceu que a maioria das pessoas é assintomática ou apresenta sintomas leves e não precisa ser hospitalizada. Apesar do quadro não evoluir, é importante ficar atento porque algumas sequelas podem surgir mesmo depois do teste negativo.
O tratamento é direcionado para pessoas que continuam com sintomas relatados depois do período de isolamento, comum às pessoas que tiveram o caso grave da doença e precisaram de internação hospitalar.
“Após a infecção viral pode ser desenvolvido o que chamamos de ‘Síndrome da Fadiga Crônica Pós-Covid’ ou ‘Long Covid’, caracterizada por um quadro de muita fadiga, cansaço, dores musculares e articulares, capacidade respiratória limitada com dificuldades de conduzir o seu dia-a-dia”, informou o especialista.
Outros sintomas que aparecem são o cansaço físico, atividades que antes eram normais tornam-se exaustivas, e 7 a 8% das pessoas sofrem com fadiga mental e esquecimentos recorrentes.
Equipe multiprofissional para o tratamento pós-Covid
Segundo o especialista, o pós-Covid exige o cuidado de uma equipe multiprofissional como médicos, fisioterapeuta, nutricionista, psicólogo, educador físico entre outros.
“A fisioterapia, especialmente, possui um papel essencial nessa recuperação porque a fraqueza muscular é expressiva e voltar para a rotina de antes passa a ser um desafio!”, destacou Santo Ezio.
De acordo com ele, assim, como há um enfraquecimento da musculatura de braços e pernas, alguns pacientes perdem também força muscular respiratória, justificando a falta de ar e a tosse insistente. Uma avaliação funcional realizada por um profissional especializado é capaz de quantificar essa fraqueza através de testes de força periférica e respiratória.
“Realizar a Reabilitação Pós-Covid em um Centro de Reabilitação é a forma mais recomendada e segura, por possuir instrumentos tecnológicos, equipamentos e materiais necessários caso ainda ocorra uma intercorrência”, completou.
Orientações
O especialista orienta as pessoas que tiveram Covid que, na persistência de sintomas, passem imediatamente por avaliação médica e de profissionais da saúde especializados. “Alguns exames serão necessários e quando indicada a reabilitação pós-Covid, que seja iniciada o mais precocemente possível a fim de agilizar o retorno a uma vida normal, produtiva e evitar complicações que possam levar a novas internações”, afirmou.
O profissional
Santo Ezio Bazzo Júnior é formado há 17 anos em Fisioterapia pela FUNEC de Santa Fé do Sul/SP. Com Pós-Graduação em Fisioterapia Cardiorrespiratória pela Inspirar de Curitiba/PR e título de Especialista em Fisioterapia em Unidade Terapia Intensiva Adulto pelo Conselho Federal de Fisioterapia COFFITO/Assobrafir. Atua também na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Regional de Araguaína (há 16 anos) e também no Hospital de Doenças Tropicais da Universidade Federal do Tocantins (há 6 anos).
O especialista implantou uma clínica em Araguaína de fisioterapia especializada e exclusiva para atendimento de pacientes com doenças cardíacas (Ex: pós-infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca, pré e pós-cirurgias, arritmias, uso de marcapasso), doenças pulmonares (Ex: pneumonias, bronquiectasias, asma, fibrose, DPOC) e vasculares(Ex: pós-angioplastia, insuficiência venosa e arterial). A unidade faz o tratamento pós-Covid.