Fósseis de árvores contrabandeados do Tocantins começam a ser vistoriados para repatriação
Paleontólogos e biólogos do Tocantins começaram a realizar um trabalho de vistoria em fósseis de árvores que foram contrabandeados do estado e vendidos a cientistas alemães. Cerca de 80 toneladas do material foram apreendidos pela Polícia Federal em uma mineradora e estão no pátio da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em Brasília para que sejam repatriados.
Os fósseis teriam sido retirados ilegalmente de uma floresta petrificada em Filadélfia, na região norte do estado. A extração foi entre os anos de 1997 e 2008. Atualmente o local abriga o Monumento Nacional das Árvores Fossilizadas, que é um parque estadual em processo de concessão para a iniciativa privada. A unidade tem 32 mil hectares e abriga vestígios da Era Paleozóica que podem ter 250 a 295 milhões de anos.
A comitiva que realiza a vistoria tem três integrantes de diferentes instituições:
- Etiene Fabbrin Pires Oliveira – professora e paleontóloga do Laboratório de Paleobiologia do Câmpus da Universidade Federal do Tocantins (UFT) em Porto Nacional
- Tatiane Marinho Veras – professora do Laboratório de Invertebrados e Paleontologia (LIP), do Câmpus da Universidade Federal do Norte do Tocantins em Araguaína
- Hermísio Alecrim – biólogo, servidor do Naturatins e inspetor de Recursos Naturais e do Monumento Natural das Árvores Fossilizadas do Estado do Tocantins (Monaf)
Folha fossilizada encontrada no monumento — Foto: Carlos Eller/Governo do Tocantins
O trabalho começou nesta terça-feira (23) e deve continuar até o dia 27 de novembro. Quando chegar ao Tocantins, o material será levado para uma Unidade de Conservação (UC) de Proteção Integral.
“São peças ainda desconhecidas da ciência brasileira e que, com a devida salvaguarda em instituições de ensino e de pesquisa, servirão como base para futuras pesquisas e para formação de pessoas, tanto a nível de graduação quanto de pós-graduação”, explicou a professora Etiene.
A professora Tatiane disse que o retorno é “importante elemento da história natural do estado e da região norte, possibilitando, por meio da UFNT, ampliar o leque da pesquisa paleontológica”.
Floresta petrificada fica na região de Filadélfia, no norte do estado — Foto: Carlos Eller/Governo do Tocantins
“Este momento é considerado histórico para o Monaf-TO, para a Paleontologia Brasileira e a Comitiva do Tocantins, uma vez que esses fósseis seriam contrabandeados e agora retornarão ao estado de origem”, disse o biólogo Hermísio Alecrim.
A venda ilegal dos fósseis é alvo de uma denúncia do Ministério Público Federal e o caso está sendo analisado pela Justiça. Na Alemanha, o comércio de fósseis é considerado legal. Não está claro se os pesquisadores que fizeram a compra tinham conhecimento sobre a origem ilícita do material. Estudos sobre os vestígios de árvores foram publicados em uma revista científica internacional por alguns dos envolvidos.
Fonte: G1 Tocantins