Grupo de 43 indígenas que estava no Tocantins retorna à Venezuela; prefeitura gastou R$ 195 mil
Um grupo de venezuelanos, indígenas da etnia Warao, retornou à Venezuela na última sexta-feira (19). Ao todo, 43 pessoas, incluindo 20 crianças, embarcaram em um voo comercial às 17h no Aeroporto de Palmas rumo ao país de origem. As famílias começaram a ser monitoradas depois de um trabalho iniciado pelo Ministério Público do Tocantins (MPTO).
Os custos da viagem foram arcados pela prefeitura de Palmas, no total de R$ 195 mil, incluindo passagens aéreas, alimentação e transporte até o destino final.
A chamada ‘Operação Acolhida – Retorno Seguro’ foi coordenada pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Sedes), sendo realizada em duas etapas.
Na primeira, foram despachadas em um caminhão da Secretaria do Trabalho e da Assistência Social (Setas) uma tonelada de bagagens que após 8 dias de viagem e três travessias por meio de balsas chegou à fronteira na tarde da última sexta-feira.
DEPOIMENTOS
“Estamos muito felizes em retornar para nossas famílias, ver nossos parentes, nosso povo”, disse a indígena Warao, Ermínia Ratti Estrella. Seu esposo, o senhor José Luiz Jimenez, contou que deixou filhos e muitos netos para trás quando decidiu vir para o Brasil em 2019.
“Estamos sofrendo muita saudade, sabemos que nosso país está em crise, mas o desejo de estar com meus filhos e netos é muito grande. Agradeço a Deus o apoio local de todos que estão nos levando para casa”, destacou.
O indígena Giovanni Wailfredo Ramos também embarcou com sua família para a Venezuela, mas disse que leva no coração lembranças das ações de solidariedade e carinho que recebeu dos palmenses. “Só temos que agradecer, fomos abrigados por pessoas da comunidade, depois pela equipe da Prefeitura e, em todo o momento, fomos bem tratados, com muito respeito. Hoje nosso coração está em festa e vamos recomeçar junto aos nossos irmãos, na Venezuela”, pontuou.
OPERAÇÃO HUMANITÁRIA
“Essa é uma operação humanitária da Prefeitura de Palmas, onde levamos em consideração fatores emocionais, econômicos e culturais; Eles desejam reativar os laços com seus familiares e com suas origens, então a gestão, juntamente com o governo do estado os apoiou e assim, puderam iniciar o caminho de volta”, explicou a secretária de Desenvolvimento Social de Palmas, Simone Sandri.
O grupo desembarcou em Boa Vista, Roraima, no sábado (17), e foram de ônibus até Pacaraíma (RR). O destino final era o estado venezuelano Delta Amacuro.
ATUAÇÃO DO MPTO
A ideia de criar um grupo para dar assistência aos indígenas foi do coordenador do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça da Infância, Juventude e Educação (Caopije), promotor de Justiça Sidney Fiori. Uma das preocupações centrais era discutir a situação educacional das crianças e adolescentes venezuelanas.
Além do MPTO, integram o comitê interinstitucional de articulação o Ministério Público Federal (MPF), a Defensoria Pública da União (DPU), as secretarias da Educação do Estado e do Município de Palmas, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Conselho Indigenista Missionário (CIMI).
Além de promover ações no campo educacional, o comitê ainda tem a missão de articular políticas públicas de moradia, trabalho, renda, saúde e assistência social.
Os atendimentos aos estrangeiros foram feitos pela assistente social do Centro de Apoio Operacional às Promotorias, Laidylaura Pereira de Araújo. Durante um dos encontros, uma das famílias manifestou desejo de voltar à Venezuela, o que fez com que outras também indicassem a intenção de retornar.
Cerca de 40 indígenas da etnia Warao ainda permanecem em Palmas e continuarão recebendo assistência do Município e do Estado.
“Foi um desfecho bem-sucedido, afinal, eles retornaram para seus locais de origem. Agora, vamos continuar monitorando a situação dos que ficaram e verificar que tipo de assistência ainda necessitam”, afirmou o promotor Sidney Fiori.
A situação dos migrantes é acompanhada pelo MPTO, por meio de um procedimento instaurado pelo Centro de Apoio Operacional às Promotorias em agosto de 2021.
Com a crise financeira na Venezuela, as maiores cidades do Tocantins, a exemplo de Palmas e Araguaína, receberam muitos indígenas venezuelanos em busca de sobrevivência.
Fonte: AF Noticias