Estado

João Oliveira pede para Kátia Abreu se retirar de seu apartamento após ouvir palavrões, gritos e ser chamado de “traidor”

Divulgação
Divulgação

Se tem uma coisa que o meio político não acredita é que o vice-governador João Olveira, que está trocando o PSD pelo Solidariedade, vai ficar com o governador Siqueira Campos (PSDB) nesse rompimento com a senadora Kátia Abreu (PSD), a quem foi sempre religiosamente fiel. Contudo, um verdadeiro “barraco” ocorrido no apartamento dele, na noite desse domingo, 29, deixou claro que João Oliveira já tomou a decisão de acompanhar Siqueira e o secretário estadual de Relações Institucionais, Eduardo Siqueira Campos.

A senadora e seu filho, o deputado federal Irajá Abreu (PSD), foram ao apartamento de João Oliveira tomar satisfações sobre a informação do blog de que o vice-governador está indo para o Solidariedade. Conforme o próprio vice-governador relatou a diversas pessoas próximas, Kátia lhe encheu de ofensas, a ponto de o ex-aliado pedir que ela se retirasse de sua residência, num edifício da 106 Norte, em Palmas.

 

Totalmente fora de si, conforme relatou João Oliveira a um amigo ainda na madruga desse domingo, a senadora, em meio aos gritos que todo o prédio escutou, chegou a bater e quebrar um relógio de mesa com o qual o vice-governador havia sido presenteado pelo deputado estadual Toinho Andrade – que, diga-se, também está trocando o PSD pelo Solidariedade.

João Oliveira contou aos amigos que Kátia gritava que ele era “um traidor” e que “havia morrido para ela”. Mais ainda: que iria comemorar o fim da carreira dele.

O vice-governador também contou aos amigos que o deputado Irajá Abreu engrossou o tom de voz para ele e a coisa só não teria ficado pior por causa da chegada do filho de João Oliveira. De acordo com os amigos, o vice-governador está indignado e “profundamente magoado” com os “gritos, xingamentos e palavrões” que teve que escutar.

A senadora era esperada para o início da construção do Hospital Geral de Gurupi (HGG), na manhã desta segunda-feira, 30, mas não apareceu. São dela as emendas parlamentares que garantiram recursos para a construção da unidade.

Há 15 dias, durante reunião em seu gabinete com os chamados “Autênticos” do PMDB, Kátia foi perguntada sobre a posição do vice-governador nesse rompimento com Siqueira, ao que ela respondeu que sobre João Olveira não poderia responder nada.

Uma liderança muito próxima à senadora disse ao blog nesta manhã que o grupo de Kátia já desistiu de João Oliveira. “Depois de tudo que a senadora fez por ele, agora se mostrou um traidor”, reagiu essa fonte.

Dessa forma, se o rompimento entre Kátia e João for encenação, os dois precisam ser contratados para fazer cinema ou novela. Ou estão rompidos de fato, ou são dois grandes atores.

“João Mordomo”
João Oliveira sempre foi visto como fiel escudeiro da senadora Kátia Abreu, a ponto de, maldosamente, ser apelidado pelos adversários de “João Mordomo”. Quando o então governador Marcelo Miranda (PMDB) fez “carreira solo”, no rompimento da União do Tocantins, em 2005, João, então deputado estaudal, se manteve ao lado da senadora no PFL. Depois, foi eleito deputado federal, em 2006, com o apoio de Katia. Em 2009, quando a senadora decidiu romper com o então governador Carlos Gaguim (PMDB), João foi um dos poucos aliados com mandato na Assembleia e na bancada federal que a acompanharam.

Então, Kátia se uniu a Siqueira Campos e João Oliveira foi, a princípio, cotado para ser candidato a senador. Depois, a senadora exigiu a vaga de vice-governador. A contragosto, Siqueira cedeu, e João foi indicado.

Com essa manobra, a senadora teve a certeza de que deu um xeque-mate em Eduardo Siqueira Campos, desde 2010 pré-candidato a governador. Porém, João Oliveira era uma pedra no meio do caminho, uma vez que Eduardo só poderá disputar se seu pai renunciar. Se o vice-governador estiver no grupo de Siqueira, o caminho para viabilizar a candidatura de Eduardo fica mais fácil.

Em entrevista ao site Folha do Tocantins, no início de setembro, o vice-governador já tinha adiantado algumas mexidas no tabuleiro. “Veja eu não sei se o senador Eduardo sairá do PSDB, eu tenho ouvido falar, mas dele próprio não o ouvi afirmando isso; agora onde ele estiver e no partido que ele estiver, eu gostaria de estar com ele, eu desejo estar com ele, porque eu sou Siqueira, então se o senador Eduardo trabalha em uma pré-candidatura, independente do partido que ele estiver, eu desejo estar com ele, independente de qualquer cor partidária”, afirmou na entrevista.

(Cleber Toledo)