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Leomar desiste da candidatura e expõe profundidade da ‘crise dos federais’ na chapa de Marcelo e Kátia

imagem148546O ex-senador Leomar Quintanilha (PMDB) desistiu de sua candidatura a deputado federal. Ele confirmou que está fora da disputa ao site Conexão Tocantins, falando pouco, mas deixando, nas entrelinhas, clara insatisfação com o cenário eleitoral da principal chapa de oposição. “Eu vou dar um outro rumo para minha vida. As circunstâncias me recomendam ficar mais reservado e cuidar de outras coisas”, disse ao site, já encerrando o assunto.

É o segundo tombo seguido que Leomar toma em eleição no Tocantins. Em 2010, teve que ceder sua vaga de candidato à reeleição ao Senado ao PT, que, como sempre, sofreu um “tratoraço” vindo de Brasília e retirou a candidatura ao governo para apoiar o PMDB [qualquer semelhança com 2014 ou 2006 não é mera coincidência]. Os petistas lançaram o ex-prefeito de Porto Nacional Paulo Mourão no lugar de Leomar, que disputou a Câmara Federal e ficou na suplência.

CRISE PODE FICAR MAIS PROFUNDA

A desistência de Leomar Quintanilha é só o primeiro ato de uma crise que, se não houver reação, vai se tornar ainda mais profunda. Conforme o blog antecipou na terça-feira, 1º, os candidatos a deputado federal estão insatisfeitos com a forte concorrência dos familiares dos dois principais nomes do grupo: Dulce, esposa do candidato a governador Marcelo Miranda (PMDB), e o deputado federal Irajá Abreu (PSD), filho da senadora Kátia Abreu (PMDB), que disputa a reeleição.

Os federais da chapa defendem a retirada da candidatura de Dulce para que a disputa possa ser equilibrada.

Enquanto isso, a chiadeira é grande, e já com sentimento de traição. Como é o caso do deputado federal Osvaldo Reis, que também estaria bastante desmotivado e se sentindo traído, depois de ter se exposto numa desgastante disputa interna dos “Autênticos” com o deputado federal Júnior Coimbra.

Osvaldo chegou a ter a expectativa de que a luta pelos “Autênticos” o levasse a ocupar a primeira suplência da senadora Kátia Abreu. Contudo, no acordo do PMDB com o PT, teve que ver a vaga ser cedida ao ex-presidente petista Donizeti Nogueira.

Mas acalentava ainda a esperança de se reeleger para a Câmara, porém, diante das candidaturas de Irajá e Dulce, vê que essa possibilidade bem mais distante.

O MAIS EXPOSTO

Já Leomar foi o que mais se expôs na disputa com os “coimbristas”. Ele foi colocado pelos “Autênticos” na presidência do PMDB regional, depois do acordo de fevereiro para Coimbra se licenciar. O ex-senador foi decisivo na reorganização do partido em prol do grupo de Marcelo. Porém, também avaliou que a candidatura a deputado federal, com Dulce e Irajá, seria inviável.

Os federais lembram que os maiores beneficiados com a luta deles contra os ‘coimbristas’ foram justamente os dois principais nomes da chapa majoritária: Marcelo e Kátia. “E a resposta deles agora a esse sacrifício está sendo inviabilizar as nossas candidaturas”, desabafou um federal peemedebista, que preferiu não ser identificado.

Para a Câmara dos Deputados, além de Leomar, Osvaldo, Dulce e Irajá, a coligação de Marcelo e Kátia tem os atuais deputados estaduais Josi Nunes (PMDB) e Freire Júnior (PV), o ex-governador Carlos Gaguim (PMDB), Júnior Coimbra (PMDB) e agora também o petista Milne Freitas.

ENTENDA

O raciocínio dos federais que mostra que com Dulce no páreo não compensa para eles permanecerem na disputa é o seguinte: em 2010, o deputado federal Júnior Coimbra foi o mais bem votado da história do Estado, com praticamente 70 mil votos, e Irajá conquistou quase 40 mil eleitores. Como a expectativa é de que o coeficiente para cada coligação eleger um federal será em torno de 95 mil votos, e considerando que Dulce quebre o recorde de Coimbra e alcance, por exemplo, 75 mil votos, ainda assim faltarão 20 mil votos para que conquiste a vaga. Se Irajá melhorar sua votação e chegar a 50 mil votos, por exemplo, ainda faltarão 45 mil para se eleger.

Essa considerável diferença para os dois chegarem à Câmara Federal (65 mil votos), entendem os insatisfeitos, será retirada deles. 

(Cleber Toledo)