Mais de 100 policiais realizam despejo de famílias que ocupam prédios inacabados em Palmas
Cerca de 250 famílias que ocupam os apartamentos das Quadras 1.304 e 1.306 Sul desde setembro do ano passado estão sendo despejadas nesta quarta-feira, 15, por mais de 100 policiais e guardas metropolitanos da Capital. O coordenador estadual do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), Bismarque do Movimento, informou que a desocupação é pacífica no momento e que não há resistência. As famílias devem sair do local até as 18 horas.
Os integrantes das famílias realizaram mobilização na segunda-feira, 13, contra a ordem de despejo, sobretudo porque o município recusou as propostas apresentadas pelo MNLM, como a aceitação do cadastro das famílias na prefeitura, construção de um assentamento provisório até os prédios ficarem prontos ou a permanência dos ocupantes em pelo menos três condomínios do local.
Família retirada dos apartamentos pela Polícia Militar |
“As famílias estão indefesas e chorando, pois seus pertences estão sendo prendidos. Não está tendo resistência até porque eles não tem força”, alegou Bismarque. O ex-vereador disse que a Prefeitura de Palmas irá “prender” os pertences dos ocupantes e “jogar” no Parque do Povo. “Esperamos que o Estado e a prefeitura possam ter clemência com essas pessoas”, lamentou Bismarque, ressaltando que pelo menos 200 famílias não tem aonde ir.
Segundo uma das ocupantes, Gilmara Rodrigues, o sentimento é de “angústia”, pois eles estavam esperando um local para morar, mas “colocoram todo mundo para ir embora”.
Outra ocupante, Maria Valdenice, informou que não possui família na Capital e, por isso, não sabe onde irá morar. “Só Deus no momento mesmo, não tenho parente. Não sei para onde ir ou colocar as minhas coisas”, comentou. Mãe de três crianças, ela explicou que encontrou uma vaga em uma creche próxima aos apartamentos, mas agora eles não poderão mais frequentar a unidade.
Entenda
As famílias ocupam os blocos de apartamentos do programa Minha Casa, Minha Vida desde o dia 7 de setembro de 2014. Os líderes do movimento alegam que as unidades estão com as obras paradas há seis anos. Em audiência de justificação realizada no dia 25 de setembro, foi decidido que as famílias teriam até o dia 20 de outubro para deixarem o local, mas os ocupantes permanecem nos prédios até esse ano.
Confira a seguir nota de apoio do MST aos ocupantes dos prédios:
MST APOIA O MOVIMENTO INDEPENDENTE DE LUTA PELA MORADIA – MILM
E OUTROS MOVIMENTOS SOCIAIS QUE ESTÃO OCUPANDO PREDIOS INACABADO NAS QUADRAS 1.306 e 1.304 SUL PALMAS-TO.
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra-MST, manifesta total apoio e solidariedade à luta e resistência das famílias que estão ocupando os prédios inacabados do programa minha casa e minha vida do governo federal e do município de Palmas-TO.
Em setembro de 2014 mais de 600 famílias sem teto ocuparam diversos prédios nas quadras 1306 e 1304 Sul, localizado no centro de Palmas-TO. As edificações estavam abandonadas enquanto que as famílias se encontravam em situação sufoco devido à falta de recurso para pagar aluguel entre outros fatores. A falta de moradia aliada à falta de atenção politica e social por parte dos governantes tem levado ao crescente agravamento da situação na capital.
Em relação à postura dos governantes, do poder judiciário, legislativo municipal e legislativo estadual, tem se mostrado insensível quanto às negociações e propostas. Entretanto, entende que o melhor caminho a ser adotado nestes casos é o despejo, a criminalização dos movimentos sociais, perseguição e marcação de lideranças e em fim a judicialização das lutas sociais.
Lamentavelmente, esse tipo de ação, relacionado à ocupação de prédios e áreas publicas ocorre numa cidade onde predomina grandes vazios urbanos – áreas que pertence ao poder publico estadual e o poder publico municipal onde os quais, preferem montar balcão de negocio para comercialização de áreas/lotes urbanos do que destinarem para os sem tetos.
(Cleber Toledo)