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Medicamentos usados contra ebola e malária passam em teste e controlam infecção do novo coronavírus

Cientistas de Wuhan, na China, publicaram na revista “Nature” os resultados de testes com substâncias contra o novo coronavírus 2019 n-CoV. Duas drogas conseguiram controlar a infecção: uma delas é um antiviral com mais de 70 anos; a outra está no radar do governo chinês para estudos em humanos e passa também por testes contra o Ebola.

Inicialmente, a pesquisa testou cinco medicamentos usados contra dois integrantes da família coronavírus que causaram epidemias neste século, a Sars e o Mers. As hipóteses de acerto giram em torno das características repetidas entre os vírus: um outro artigo apontou uma semelhança genética de 79,5% entre a Sars e o 2019 n-CoV.

Após os testes, a cloriquina conseguiu barrar a nova doença em laboratório. O antiviral existe no mercado há mais de 70 anos e é utilizado contra a malária e doenças autoimunes. Ele tem um baixo custo e uma segurança em humanos garantida. O remédio também tem uma capacidade de atuar no sistema imunológico, o que aumenta a eficiência contra a infecção.

Ilustração histórica criada pelo governo dos Estados Unidos promove o tratamento da malária usando a cloroquina como método preventivo — Foto: CDCIlustração histórica criada pelo governo dos Estados Unidos promove o tratamento da malária usando a cloroquina como método preventivo — Foto: CDC

Ilustração histórica criada pelo governo dos Estados Unidos promove o tratamento da malária usando a cloroquina como método preventivo — Foto: CDC

Remdesivir

O remdesivir, um antiviral de espectro amplo, também se mostrou viável contra o novo coronavírus. É um medicamento desenvolvido pela farmacêutica “Gilead Sciences”, dos Estados Unidos.

Em outras pesquisas recentes, o remdesivir foi testado em células cultivadas in vitro, camundongos e primatas. Ele está em fase clínica para o tratamento contra o Ebola, que atinge a República Democrática do Congo desde o ano passado. Também é usado em pesquisas contra o vírus Nipah, que causou um surto em 1998 na Malásia, com 105 mortes.

Estudo dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA apontam eficiência do Remdesivir também contra o vírus Ripah — Foto: National Institute of Allergy and Infectious Diseases/NIHEstudo dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA apontam eficiência do Remdesivir também contra o vírus Ripah — Foto: National Institute of Allergy and Infectious Diseases/NIH

Estudo dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA apontam eficiência do Remdesivir também contra o vírus Ripah — Foto: National Institute of Allergy and Infectious Diseases/NIH

O vírus ebola e o novo coronavírus são vírus RNA, com material genético em uma única fita. Eles têm outro aspecto em comum: o período de incubação mais curto, de 2 a 20 dias e de 2 a 14 dias, respectivamente.

De acordo com o infectologista Esper Kallas, da Universidade de São Paulo (USP), ter um período de incubação mais curto é uma característica geral dos vírus RNA. A Hepatite B, por exemplo, tem como estrutura genética o DNA e 5 a 6 meses de incubação, um tempo até 12 vezes maior.

Os cientistas Manli Wang, Ruiyuan Cao, Leike Zhang e Xinglou Yang, autores do estudo, também dizem que resultados preliminares com o remdesivir mostram eficiência contra o novo coronavírus em células humanas testadas em laboratório. Nesta quinta-feira (6), de acordo com o “The New York Times”, a China começou a selecionar pacientes para uma pesquisa clínica.

Raio X do novo coronavírus  — Foto: Amanda Paes e Cido Gonçalves/Arte G1Raio X do novo coronavírus  — Foto: Amanda Paes e Cido Gonçalves/Arte G1

Raio X do novo coronavírus — Foto: Amanda Paes e Cido Gonçalves/Arte G1

Epidemia do 2019 n-CoV

Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou emegência de saúde internacional devido à evolução dos casos confirmados e mortes pelo novo coronavírus.

Até as 21h desta quinta-feira, eram mais de 31 mil casos e centenas de mortes. A China é o país que centraliza a maior quantidade de vítimas da doença.

Por enquanto, apesar de um esforço internacional de pesquisas, o 2019 n-CoV e os outros vírus da família, o Sars e o Mers, não têm uma vacina disponível.

Fonte: G1 – Ciência e Saúde