MP suspeita da origem de R$ 261 mil pagos em dinheiro a escolas e plano de saúde da família de Flávio Bolsonaro
O pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro que levou à prisão de Fabrício Queiroz — preso na quinta-feira (18) — levanta suspeita sobre R$ 261 mil pagos em dinheiro por mensalidades escolares e plano de saúde das filhas de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).
Segundo a documento, ao qual a TV Globo teve acesso, foram 116 boletos quitados em espécie.
Ao menos dois desses boletos, de mensalidades de um colégio no Rio, foram comprovadamente pagos por Queiroz, segundo o MP.
Câmera de segurança de banco dentro da Alerj registrou, em 1º de outubro de 2018, às 10h21, Queiroz fazendo pagamentos em dinheiro de dois títulos bancários — Foto: Reprodução/TV Globo
O ex-assessor de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa (Alerj) quitou duas mensalidades, de R$ 3.382,27 e R$ 3.560,28, em 1º de outubro de 2018, segundo fotos e dados incluídos no processo.
Ao cruzar dados e imagens de câmeras de segurança de agência bancária de dentro da Alerj, o MPRJ concluiu que Fabrício Queiroz fez esses dois pagamentos.
Queiroz foi assessor do hoje senador Flávio, filho do presidente Jair Bolsonaro, quando ele era deputado estadual no Rio. O ex-assessor teve a prisão preventiva decretada por suspeita de participação em um esquema de “rachadinha”.
Segundo a investigação, funcionários de Flávio devolviam parte do salário, e o dinheiro era lavado por meio de uma loja de chocolate e através do investimento em imóveis.
O pagamento das mensalidades seria mais um indício de que a arrecadação do salário dos servidores do gabinete voltava para o parlamentar.
“A análise de suas atividades bancárias permitiu ao Gaecc/MPRJ comprovar que Fabrício Queiroz também transferia parte dos recursos ilícitos desviados da Alerj diretamente ao patrimônio familiar do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, mediante depósitos bancários e pagamentos de despesas pessoais do parlamentar e de sua família”, diz trecho da decisão .
Queiroz no momento da prisão, em Atibaia (SP) — Foto: Bom Dia Brasil
Os investigadores acreditam que Queiroz era uma espécie de operador financeiro de Flávio Bolsonaro, que seria o líder da organização criminosa.
“As movimentações bancárias atípicas e o contexto temporal nas quais foram realizadas resultam em evidências contundentes da função exercida por Fabrício Queiroz como operador financeiro na divisão de tarefas da organização criminosa investigada, tanto na arrecadação dos valores desviados da Alerj quanto na transferência de parte do produto dos crimes de peculato ao patrimônio familiar do líder do grupo, o então deputado estadual Flávio Nantes Bolsonaro”, diz trecho do pedido do MP.
Queiroz é amigo da família Bolsonaro desde a década de 80 e e foi chefe de gabinete de Flávio na Alerj. Ele trabalhou com o então deputado até ser exonerado em outubro de 2018, época da eleição presidencial de Jair Bolsonaro.
Movimentação de R$ 1,2 milhão em 2016 e 2017
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O procedimento investigatório criminal do Ministério Público Estadual do RJ que apura as irregularidades envolvendo Queiroz na Alerj chegou a ser suspenso por decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, após pedidos de Flávio Bolsonaro em 2019.
As investigações envolvem um relatório do Coaf, que apontou operações bancárias suspeitas de 74 servidores e ex-servidores da Alerj. Recursos usados para pagar funcionários na Alerj voltavam para os próprios deputados estaduais.
A movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta de Queiroz ocorreu, segundo as investigações, entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, incluindo depósitos e saques.
Prisão em São Paulo
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Queiroz foi preso em Atibaia, interior de São Paulo, em um imóvel de Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro.
Na quarta-feira, Wassef estava no Palácio do Planalto, na cerimônia de posse do ministro das Comunicações.
onte: G1 Rio de Janeiro