Nova técnica que congela tumores alcança 100% de eficácia contra o câncer de mama
Uma nova abordagem terapêutica está trazendo esperança para a saúde das mulheres. A técnica de congelamento de tumores, conhecida como crioablação, alcançou 100% de eficácia em testes iniciais conduzidos pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Essa inovação, que já é utilizada em países como Estados Unidos, Japão e Israel, conta com aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas ainda enfrenta desafios de acessibilidade no Brasil, já que não é coberta por planos de saúde ou oferecida no Sistema Único de Saúde (SUS).
Como funciona a crioablação?
A crioablação é um procedimento minimamente invasivo que utiliza nitrogênio líquido para destruir células cancerígenas. Durante o tratamento, a temperatura na região afetada é reduzida a cerca de -140°C, congelando e eliminando o tumor. O processo consiste em três ciclos de dez minutos alternados entre congelamento e descongelamento do tumor mamário. Segundo o professor Afonso Nazário, responsável pelos testes na Unifesp, a incisão feita pela agulha é pequena, comparável ou até menor do que a realizada em uma biópsia.
Resultados dos testes iniciais
Os testes na Unifesp foram realizados no ambulatório de mastologia do Hospital São Paulo, sendo a primeira vez que uma instituição pública brasileira conduz esse tratamento. A primeira etapa do estudo foi focada em pacientes com tumores menores de 2,5 centímetros e indicados para cirurgia. A técnica foi aplicada antes da operação, alcançando 100% de eficácia para tumores com menos de 2 centímetros.
Agora, os pesquisadores avaliam a possibilidade de a crioablação substituir a cirurgia convencional. Para isso, um estudo comparativo está sendo conduzido com mais de 700 pacientes em 15 centros de saúde no estado de São Paulo.
Vantagens da crioablação
A crioablação oferece diversos benefícios:
- Procedimento ambulatorial: realizado com anestesia local, sem necessidade de internação.
- Precisão e rapidez: técnica indolor com alto grau de eficácia.
- Menor impacto ao paciente: reduz o tempo de recuperação em comparação à cirurgia tradicional.
Perspectivas futuras
A técnica, introduzida no Brasil com apoio de parceiros como KTR Medical, Hospital Israelita Albert Einstein e HCor, ainda não está amplamente disponível devido ao alto custo das agulhas utilizadas. No entanto, os pesquisadores estão otimistas de que a ampliação do uso reduzirá os custos e permitirá a inclusão do tratamento no SUS.
A professora Vanessa Sanvido, também responsável pela pesquisa, reforça que o objetivo é atender de 20% a 30% das pacientes atualmente na fila do SUS para cirurgia de câncer de mama.
Essa inovação representa um marco no combate ao câncer de mama, ampliando as possibilidades de tratamento e proporcionando mais qualidade de vida às pacientes.
Fonte: AF Noticias