Número de milionários no Tocantins cresceu 510% em 10 anos
É do Tocantins a maior taxa de crescimento de milionários do País, conforme levantamento da Receita Federal com base nas declarações de rendas entregues no ano passado. Segundo o jornal Folha de S.Paulo desse domingo, 18, em 2003, o Estado tinha dez privilegiados com renda superior a US$ 1 milhão. Em 2013, esse número saltou para 61, um aumento de 510%. “No atual mapa das fortunas, Tocantins é o novo Eldorado”, diz a matéria da Folha.
De acordo com o jornal, esse estudo mostra que um brasileiro com espírito empreendedor tem mais chance de fazer fortuna no Norte e no Nordeste do que no eixo Sul-Sudeste, que sempre concentrou a maior parte da riqueza nacional. Bem atrás do Tocantins aparecem Roraima (350% de crescimento no número de milionários), Acre (240%), Piauí (200%) e Rondônia (197%).
De 2003 a 2013, o total de milionários mais que dobrou em 13 Estados brasileiros –entre eles estão 8 dos 10 Estados das regiões Norte e Centro-Oeste, excluído DF.
Dinheiro rápido
Conforme a Folha, essas novas fortunas surgiram graças à expansão da fronteira agrícola no País. Em 2003, o governo federal turbinou os incentivos para os produtores rurais, mirando os elevados preços das commodities agrícolas no exterior. O agronegócio, que já era forte na exportação, virou motor da economia. Os produtores de minérios também surfaram nessa onda.
Rapidamente, o Brasil entrou para a lista dos países que mais fizeram milionários. Desde então, a produção agrícola vem aumentando e, para isso, foi preciso buscar terras em novas áreas. Uma delas foi a do “Mapitoba”, junção das iniciais de Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia.
“No Tocantins, muitos adquiriram terra por nada na criação do Estado e se tornaram milionários do dia para a noite quando arrendaram suas áreas para grupos maiores”, diz o economista Tadeu Zerbini, colunista do CT. “O dinheiro começou a circular em outros locais.”
Também conforme a Folha, consultorias estrangeiras especializadas no estudo das fortunas sob gestão de instituições financeiras estimam que, em 2007, já após o “efeito commodity”, o Brasil contava com 130 mil afortunados (com mais de US$ 1 milhão em aplicações financeiras). Hoje, seriam 230 mil.
A Receita Federal tem números menores, de acordo com o jornal, porque trabalha com dados da renda tributável declarada pelo contribuinte. Muitos omitem dados ou fazem investimentos por meio de empresas para reduzir o imposto devido.
Até 2008, diz a Folha, o The Boston Consulting calculava que esse time de milionários brasileiros concentrava meio PIB em aplicações. Mas os cálculos não foram atualizados. Segundo a Anbima, a associação dos bancos de investimento, a alta renda (private) possui R$ 700 bilhões sob gestão no Brasil.