Pecuaristas fazem churrasco na porta do Bradesco em Araguaína, capital do boi gordo
O Sindicato Rural de Araguaína (SRA) está participando de um protesto nacional promovido por pecuaristas contra o Bradesco, batizado de ‘Segunda com Carne’. A manifestação foi motivada por um vídeo veiculado nas redes do banco com foco em sustentabilidade e incentivando a redução do consumo de carne.
O protesto em Araguaína está sendo realizado na manhã desta segunda-feira (03.jan.22) em frente à agência principal do banco, que fica localizada na Rua Ademar Vicente Ferreira esquina com a Avenida Cônego João Lima.
O churrasco está sendo oferecido gratuitamente à população. A carne foi doada por pecuaristas e empresários que atuam no comércio de carnes.
Araguaína é considerada a Capital do Boi Gordo no estado do Tocantins.
SOBRE O VÍDEO DO BRADESCO
Com o foco em sustentabilidade, o vídeo oferecia dicas de como reduzir as emissões de carbono com mudanças simples na rotina de vida. A postagem já foi retirada do ar.
O vídeo gerou muita polêmica, pois uma das medidas sugeridas era reduzir o consumo de carne. Três influenciadoras digitais falavam sobre o movimento que ficou conhecido como ‘Segunda Sem Carne’.
Após a polêmica, o Bradesco reafirmou seu apoio ao agronegócio brasileiro e sua “crença indelével” no setor como vetor de crescimento do país. No comunicado, o Bradesco diz que a posição manifestada por “influenciadores digitais” em relação ao consumo de carne bovina é “descabida”, mas reconhece que, “lamentavelmente”, acabou associada à empresa.
REPERCUSSÃO NACIONAL
O Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac), por exemplo, criticou o conteúdo, dizendo que, em um contexto mundial, a pecuária brasileira é a menos impactante na produção de carbono.
“No Brasil, a nossa pecuária é realizada de forma natural, utilizando-se da pastagem como o principal insumo alimentar para a produção de carne bovina. Todos os modelos de produção que utilizam pastagens produtivas para a criação de bovinos contribuem positivamente para o balanço de carbono, sequestrando esse gás que a produção pecuária emite“, afirmou.
“Dessa maneira, não é aceitável associar a responsabilidade integral pela emissão de gases de efeito estufa com a pecuária brasileira, tão pouco faz sentido ou possui respaldo científico a sugestão de reduzir o consumo de carne bovina no Brasil”, continuou.
Já a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) publicou uma nota de repúdio contra o Bradesco e considerou “inacreditável que uma instituição financeira reconhecida preste um desserviço social como este, desaconselhando o consumo desta excelente fonte de proteína, cujos benefícios já foram cientificamente comprovados“.
“Divulgar qualquer informação na contramão desses dados representa extrema ignorância por parte do interlocutor“, completou a ABCZ.
Confira a Carta do Bradesco:
CARTA ABERTA AO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
Ao longo de seus quase 79 anos de história o Bradesco apoiou de forma plena o segmento do agronegócio brasileiro, estabelecendo parcerias sólidas e produtivas. Tal opção é baseada em sua crença indelével nesse segmento enquanto vetor de desenvolvimento social e econômico do país.
Contudo, nos últimos dias lamentavelmente vimos uma posição descabida de influenciadores digitais em relação ao consumo de carne bovina, associadas à nossa marca.
Importante dizer que tal posição não representa a visão desta casa em relação ao consumo da carne bovina.
Pelo contrário.
O Bradesco acredita e promove direta e indiretamente a pecuária brasileira e por conseguinte o consumo de carne bovina.
Diante do ocorrido, medidas foram imediatamente tomadas incluindo a remoção do conteúdo de ambiente público, e, além disso, ações administrativas internas severas.
Dessa forma, reiteramos nossa lamenta pelo ocorrido e reforçamos mais uma vez nossa crença irrestrita na pecuária brasileira.