Pesquisa associa pensamento positivo a menor risco de declínio da memória
Outro estudo aponta que crianças com maior autocontrole se tornam adultos mais saudáveis
Hoje vou abordar dois estudos diferentes, mas que se encontram e se complementam no universo da longevidade. O primeiro, publicado pela revista “Psychological Science” no fim do ano passado, mostra que as pessoas que sentem entusiasmo e alegria – os chamados sentimentos positivos – têm mais chances de não enfrentar problemas de declínio da memória com o passar do tempo. Todos gostaríamos de manter nossas lembranças e um número cada vez maior de trabalhos sugere que essa capacidade está diretamente associada a um envelhecimento saudável, tanto do ponto de vista físico, quanto emocional e mental.
Pesquisadores analisaram dados de quase mil norte-americanos acima dos 40 anos que participaram de três rodadas de entrevistas: entre 1995 e 1996; entre 2004 e 2006; e entre 2013 e 2014. Em cada oportunidade, os indivíduos relatavam emoções positivas que tinham experimentado nos últimos 30 dias e, nas avaliações finais, todos eram submetidos a testes de memória, que consistiam em lembrar imediatamente as palavras que eram ditas pelo interlocutor e repeti-las 15 minutos depois. Para Claudia Haase, professora da Universidade de Northwestern, apesar da constatação de que a memória se deteriora com o envelhecimento, “os que dispõem de uma gama maior de sentimentos positivos apresentam um declínio menor dessa capacidade”, afirmou.
Pesquisa mostra que pessoas que sentem entusiasmo e alegria têm mais chances de não enfrentar problemas de declínio da memória — Foto: Maria Francisca Mayorga para Pixabay
Pesquisa mostra que pessoas que sentem entusiasmo e alegria têm mais chances de não enfrentar problemas de declínio da memória — Foto: Maria Francisca Mayorga para Pixabay
O outro estudo reforça o papel fundamental das emoções: crianças com maior autocontrole tendem a ser adultos mais saudáveis na meia-idade. Divulgado no começo de janeiro na “Proceedings of the National Academy of Sciences”, a publicação da Academia Nacional de Ciência dos EUA, o levantamento acompanhou mil neozelandeses do nascimento até os 45 anos. Aqueles que, na infância, eram capazes de controlar seus sentimentos e comportamentos, envelheciam menos rapidamente do que seus pares da mesma faixa etária. Seus corpos e cérebros eram biologicamente mais jovens e sadios.
Ao longo das entrevistas realizadas durante anos, os que pertenciam ao grupo com maior autocontrole demonstraram estar mais bem equipados para lidar com os desafios, de saúde, sociais ou financeiros, que ocorrem na vida adulta. Eram também os que expressavam visões positivas sobre envelhecer. “A população está envelhecendo e tendo que conviver com doenças crônicas. É importante identificar formas de ajudar as pessoas a se prepararem melhor para a segunda metade de suas vidas, para que esse período seja vivido sem o peso de restrições”, explicou Leah Richmond-Rakerd, professora de psicologia na Universidade de Michigan.
As crianças, nascidas em 1972 e 73, foram entrevistadas em intervalos regulares: aos 3, 5, 7, 9 e 11 anos, quando características como agressividade, impulsividade, falta de atenção e perseverança eram avaliadas. Entre os 26 e 45 anos, foram incorporados exames físicos, inclusive do cérebro. Os pesquisadores enfatizaram que alguns participantes haviam conseguido aperfeiçoar seu autocontrole e que isso havia se tornado um fator relevante na vida adulta, mostrando que é o tipo de atributo que pode ser ensinado e desenvolvido. Afinal, nunca é tarde demais para começar.
Fonte: G1