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Pessoas isoladas em UPA são liberadas, após suspeita de ebola no Brasil

ebolaPacientes e funcionários que ficaram isolados na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) II, em Cascavel, no oeste do Paraná, onde um homem com suspeita de ter contraído o vírus ebola foi internado na quinta-feira (9), foram liberados por volta das 9h desta sexta-feira (10). A UPA foi isolada com 26 pacientes e 25 funcionários ainda na quinta, como medida de prevenção.

Conforme o Ministério da Saúde, o paciente estava subfebril e sem hemorragia ou outros sintomas da doença. Souleymane Bah tem 47 anos e chegou ao Brasil vindo da Guiné, um dos três países africanos que passa por um surto da doença. Na manhã desta sexta (10), ele foi transferido de avião da Força Aérea Brasileira para o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio de Janeiro.

A unidade de saúde está totalmente isolada, com três guardas na porta, e será reaberta somente após as 13h por determinação do Ministério da Saúde. Aos poucos, porém, os pacientes começaram a ser liberados pela porta dos fundos da UPA. Antônio Franco, de 93 anos, que havia dado entrada na unidade na quinta (9) com pressão baixa, contou que passou por momentos de tensão.

“Graças a Deus estou bem, só que não dormi. Eu quero saúde e ir para casa”, afirmou, ao deixar a unidade. Ele ficou isolado junto de uma das filhas que o acompanhou durante o internamento. Enquanto estavam isolados, eles mantiveram contato com a família por telefone para tranquilizá-los. “Minha irmã disse que nem conseguiram dormir. Eu fiquei apavorada”, contou outra filha de Antônio, Marceli Franco.

O ebola só é transmitido por meio do contato com o sangue, tecidos ou fluidos corporais de doentes, ou pelo contato com superfícies e objetos contaminados. O vírus somente é transmissível quando surgem os sintomas.

Polícia Federal emitiu documento autorizando a permanência do africano no Brasil até o dia 22 de setembro (Foto: Divulgação)
PF emitiu documento autorizando a permanência do africano no Brasil por um ano (Foto: Divulgação)

O paciente africano fez escala em Marrocos e, segundo a Polícia Federal (PF), entrou no Brasil no dia 19 de setembro pelo Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. O registro no Sistema de Controle de Tráfego Internacional foi feito às 20h38. No dia 23 de setembro, ele entrou com um pedido de refúgio na delagacia da PF em Dionísio Cerqueira (SC), na fronteira com a Argentina. O africano está no 21º dia da possível infecção. Por esse motivo, todos os protocolos internacionais estão sendo aplicados para evitar uma proliferação, caso seja confirmada a enfermidade.

Nesta sexta, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, que coordena a ação nacional, e o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, falarão sobre o caso no Ministério da Saúde.

 

Número de mortos aumenta
O vírus, que é transmitido por contato direto com fluidos corporais de uma pessoa infectada, matou quase 3,9 mil pessoas na África Ocidental até o momento, de acordo com o balanço mais recente divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Ao todo, foram 3.865 mortes, de 8.033 casos até o dia 5 de outubro na África Ocidental, segundo balanço da OMS. Não há evidência de que a epidemia esteja sob controle.
Libéria e Serra Leoa têm respectivamente apenas 21% e 26% dos leitos necessários para atender os pacientes infectados pelo vírus. Os países vizinhos foram avisados para se prepararem para a propagação da doença através das fronteiras.

Leia a nota do Ministério da Saúde sobre o caso:
O Ministério da Saúde e a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná informam que a Unidade de Pronto Atendimento Brasília, em Cascavel (PR), recebeu nesta quinta-feira (9), no período da tarde, um paciente classificado como suspeito de infecção por ebola. Trata-se de um homem, de 47 anos, vindo da Guiné (escala em Marrocos), país de origem, que chegou ao Brasil, no dia 19 de setembro.  Ele relatou que ontem (8) e nesta manhã (9) teve febre. Até o início da noite, estava subfebril e não apresentava hemorragia, vômitos ou quaisquer outros sintomas. Está em bom estado geral e, mantido em isolamento total.

Por estar no vigésimo primeiro dia, limite máximo para o período de incubação da doença, foi considerado caso suspeito, seguindo os protocolos internacionais para a enfermidade. Guiné é um dos três países que concentram o surto da doença na África. O ebola só é transmitido através do contato com o sangue, tecidos ou fluidos corporais de indivíduos doentes, ou pelo contato com superfícies e objetos contaminados. O vírus somente é transmitido quando surgem os sintomas.

Imediatamente após a identificação da suspeita, o paciente foi isolado na unidade e, adotadas medidas previstas no protocolo nacional, como a comunicação à secretaria estadual de saúde e Ministério da Saúde. O caso está sendo acompanhado pelas equipes de vigilância em saúde do Ministério da Saúde e do Paraná. Assim que comunicado, o Ministério da Saúde enviou imediatamente equipe para Cascavel, por meio da FAB (Força Aérea Brasileira), onde coordenarão in loco as medidas de atendimento e a identificação de possíveis contatos para orientação e controle.

O paciente será transferido, conforme protocolo de segurança, para o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio de Janeiro (RJ), referência nacional para casos de ebola. A transferência será feita por meio de aeronave da Polícia Rodoviária Federal. Nesta sexta-feira (10), o ministro da Saúde, Arthur Chioro, que coordena a ação nacional, e o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, concederão entrevista coletiva sobre o caso, às 10h, no Ministério da Saúde.

(G1)