PF investiga sociólogo do Tocantins que comparou presidente Bolsonaro a um ‘pequi roído’
Por ordem do ministro André Mendonça (Justiça e Segurança Pública), a Polícia Federal abriu inquérito para investigar um sociólogo e um microempresário do Tocantins por dois outdoors com críticas ao presidente Jair Bolsonaro. O objetivo é apurar crime contra honra do presidente.
Uma das placas, instaladas em agosto em Palmas (TO), diz que Bolsonaro vale menos que um “pequi roído”. O inquérito foi determinado pelo ministro em dezembro e aberto em 6 de janeiro último por um dos setores mais influentes da direção-geral da Polícia Federal em Brasília, a DIP (Diretoria de Inteligência Policial), por meio da sua Divisão de Contrainteligência Policial.
A PF já tomou o depoimento dos dois investigados, o sociólogo Tiago Costa Rodrigues, 36 anos, que é secretário de formação do PCdoB no Tocantins e mestrando na UFT (Universidade Federal do Tocantins), e Roberval Ferreira de Jesus, 58 anos, dono de uma microempresa de outdoors que disse só ter sido contratado para a locação do espaço e não participado da elaboração da peça.
O perfil de Tiago Costa Rodrigues na rede social Twitter foi monitorado pela PF, que copiou 12 postagens e as incluiu na investigação.
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INVESTIGADO
Tiago Rodrigues disse que a ideia dos outdoors surgiu porque militantes bolsonaristas espalharam placas em municípios do Tocantins com mensagens de apoio a Bolsonaro. A ideia era fazer um contraponto. Foi então lançada uma vaquinha virtual, que arrecadou cerca de R$ 2,3 mil. Com o dinheiro, Tiago contratou duas placas que ficaram 30 dias em exposição.
Uma placa dizia: “Cabra à toa, não vale um pequi roído. Palmas quer impeachment já”. A outra placa pontuava: “Aí mente! Vaza Bolsonaro, o Tocantins quer paz”.
“A ideia foi dizer que é um governo que não age no combate à pandemia. Isso do pequi é uma expressão regional. Algo que é ineficaz, não está valendo para nada, não está surtindo efeito. Minha opinião sobre o que o Bolsonaro está fazendo na pandemia é a de vários brasileiros. Estamos vendo as consequências disso. É um governo que não está atuando de maneira eficaz, isso que o outdoor dizia”, afirmou Tiago Rodrigues.
DEVERÁ SER ARQUIVADO
O advogado do sociólogo, Edy César Passos, disse que a investigação da PF em Brasília “deverá ser arquivada, ao final, pela própria PF, é o que esperamos”.
“A injúria tem que ser uma coisa muito pessoal, relativa à pessoa, não pode se confundir com a função pública de um presidente. A crítica foi à função pública, o desempenho dele na pandemia. É muito subjetiva a utilização daquele artigo [pelo ministro da Justiça]. É por isso que é muito raro um precedente, eu desconheço. A ex-presidente Dilma, por exemplo, foi injuriada várias vezes, em sua figura enquanto mulher, e não houve nenhuma movimentação do governo sobre isso”, disse Edy César.
Tiago Rodrigues disse que a abertura do inquérito em Brasília “é um problema grave de cerceamento de liberdade de expressão, de impedir que a pessoa manifeste sua insatisfação contra o governo, qualquer que seja”. “Hoje são vários casos [como o dele], até onde eu sei. Sei de uma professora em Pernambuco que também fez um outdoor. Vejo como tentativa de cercear qualquer crítica de oposição ao governo”, disse Rodrigues.
As informações são do jornalista Rubens Valente, do UOL.
Fonte: AF Noticias