Polícia deflagra operação Pavilhão 5 após identificar 7 detentos que participaram de emboscada
A 1ª Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP de Palmas) deflagrou nesta terça-feira (21/11), a Operação Pavilhão 5, com o objetivo de cumprir três mandados de prisão e sete de busca e apreensão. Os alvos são responsáveis pelo homicídio de André Luiz Borges de Souza, ocorrido em 21 de dezembro do ano passado, na unidade prisional de Palmas, quando ele foi brutalmente assassinado durante o banho de sol.
Os mandados foram cumpridos na Unidade Penal de Cariri (sendo dois de prisão e cinco de busca); Unidade Penal de Palmas (um de prisão e um de busca) e no Presídio Barra da Grota (um de busca), em Araguaína. Durante as buscas na unidade de Palmas foram encontradas cartas que os reeducandos utilizam para se comunicar entre si, sobre os regramentos da facção a qual pertencem.
O delegado Eduardo Menezes explica que sete detentos serão indiciados pelo homicídio. “Representamos pela prisão preventiva dos sete, porém foram deferidas apenas três, porque a justiça entendeu que os outros quatro dificilmente sairão do presídio, pois já têm penas altas a serem cumpridas. Um deles inclusive, já responde por outro homicídio ocorrido Araguaína também dentro da prisão”, destacou o delegado, referindo-se ao homicídio ocorrido no dia 6 de outubro de 2018, no Barra da Grota, tendo como vítima Dairo Ferreira da Luz e como um dos autores F.G.S (o Lambeta).
Serão indiciados por homicídio qualificado A.F.S (o Bené) de 22 anos, R.S.C (o Coringuinha) de 27 anos, F.G.S (o Lambeta) de 31 anos, J.A.A (TH ou Artur) de 30 anos, J.V.R.S de 22 anos, P.F.C.J (o Cigano) de 35 anos, e M.A.M.R (o Bozo) de 24 anos. “Todos foram identificados após um trabalho minucioso de análise das imagens das câmeras de segurança, com o apoio do serviço de inteligência da Polícia Penal”, informou.
Os sete envolvidos serão ouvidos nas respectivas unidades prisionais, com o intuito de averiguar a motivação para o crime. O teor das oitivas será juntado ao procedimento que será remetido ao Poder Judiciário, com vistas ao Ministério Público, para que proceda ao julgamento dos fatos.
Com o resultado da Operação Pavilhão 5, a 1ª DHPP de Palmas chega ao número de 79 prisões realizadas no ano de 2023.
Emboscada
Imagens do circuito interno de segurança do pavilhão 5 da unidade penal foram determinantes para identificar os autores que fizeram uma emboscada para a vítima no dia 21 de dezembro do ano passado, durante o banho de sol.
As imagens mostram que a emboscada foi orquestrada por Bené, que se reúne com Coringuinha, Lambeta e TH, para passar as instruções, enquanto, no lado oposto do pavilhão, a vítima assiste a um jogo de futebol disputado por outros reeducandos.
Após as instruções dadas, cada um dos integrantes segue para o seu posto previamente determinado. Coringuinha convoca Cigano para também participar da emboscada e ainda pede para os reeducandos que jogam capoeira para deslocarem a roda.
“Fica claro que a ideia de levar o círculo de luta para próximo do local do crime tem como objetivo a criação de uma espécie de cortina humana, a ser utilizada para acobertar os atos de execução e, por consequência, oferecer aos comparsas mais tranquilidade durante a empreitada criminosa, pensando que dessa forma não seriam identificados”, ressalta o delegado.
Coringuinha então chama J.V.R.S., responsável por atrair André até o sanitário que fica no canto do pavilhão, com a desculpa de ser uma conversa. Para o delegado, a escolha do local se dá por acreditarem que ali era um ponto cego que as câmeras próximas não conseguiriam captar.
“O que eles não levaram em consideração é que a câmera instalada no outro extremo do pátio seria capaz de registrar com precisão o atentado contra vida de André. Além disso, ao longo das agressões, eles se deslocam desse ponto supostamente cego, o que permite que as câmeras próximas capturem esse momento também”, destaca.
Crueldade
As imagens mostram que enquanto J.V.R.S. conversa de forma intimidatória com André, Lambeta vem por trás e dá um golpe “mata leão” na vítima, que em seguida, leva um soco de outro indivíduo ainda não identificado. Após os golpes, a vítima, já livre dos primeiros agressores, usa a mureta do banheiro como apoio, tentando se recuperar, até que, Coringuinha determina que TH inicie uma nova sequência de agressões.
Com a ajuda de Lambeta, o detento é levado ao interior do sanitário, onde, agachado recebe vários golpes. Ele até tenta se levantar mas é estrangulado por Lambeta. Cigano e Bozo se juntam aos demais na sessão de agressões.
“Caído ao chão, Bozo começa a pisar na vítima. As imagens mostram que ele se apoia na mureta com o intuito de empregar mais força, chegando a pular em cima da vítima. Considerando que a causa da morte de André, segundo o laudo pericial, foi traumatismo craniano, é possível afirmar que a ação contundente do Bozo foi certamente preponderante para esse resultado”, ressaltou.
Após as agressões de Bozo, Cigano agride a vítima novamente. Certos de terem obtido êxito no homicídio, um a um dos agressores vai deixando o sanitário, alguns agachados usando o escudo humano formado pela roda de capoeira como proteção para não serem pegos pelas câmeras.