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Polícia investiga se Samu omitiu socorro ao não atender anã que morreu após cair e bater a cabeça em calçada

A Polícia Civil abriu uma investigação para apurar uma possível omissão de socorro, por parte do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), na morte de uma mulher de 33 anos em Miranorte, região central do estado. A vítima era uma anã identificada apenas pelo nome de Fernanda, que caiu de uma calçada na noite deste domingo (15). Ela foi abrigada por uma moradora e recebeu um lugar para dormir, mas não resistiu e foi encontrada sem vida na manhã desta segunda-feira (16) em uma varanda.

A moradora que abrigou a vítima após o acidente pediu para não ser identificada. Ela conta que havia retornado da igreja quando encontrou a anã sentada na calçada em frente a um bar, ao lado da casa onde vive no setor Vila Maria. Pouco depois ouviu os gritos de alguém pedindo socorro porque a mulher tinha caído e batido a cabeça no chão.

“Eu liguei no pessoal do Samu, tenho o registro aqui, durou quatro minutos e 18 segundos. Eu explicando e eles perguntando: ela é da onde, estava fazendo o que? Eu disse: vou falar a verdade ela passou a tarde no bar, só que caiu e está com a cabeça machucada. Aí foi dizer que não podia mandar que precisava de liberação e que o médico não ia liberar porque ela queria era uma carona para ir para casa”, relatou.

 

A moradora ainda ligou para a Polícia Militar, mas foi informada que no momento do acidente não havia nenhuma viatura na cidade. Depois disso ela resolveu abrigar a vítima, devido ao horário, e providenciou um local para que dormisse na varanda da casa.

“Eu chamei ela e só da terceira vez que abriu o olho. Ela disse que estava com frio e eu fiquei com dó e perguntei se queria dormir aqui em casa. Arrumei uma rede para forrar o chão, dei travesseiro e embrulhei. Quando foi 6h30 eu olhei pela porta de vidro e vi tudo quieto. Por volta de 7h eu levantei, abri a porta e percebi que ela estava morta”, lembrou.

A Polícia Científica esteve no local e o corpo foi levado para o IML de Paraíso do Tocantins. A Polícia Militar também foi chamada e desta vez compareceu para registrar o fato.

“Eu acredito que se o pessoal do Samu tivesse socorrido ela não teria falecido. Eu achei muito desrespeito com o ser humano porque pode estar bêbado, mas é um ser humano. Se aconteceu algo a obrigação é socorrer.”

 

O que dizem as autoridades

 

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou ao G1 que foi aberta uma investigação no sentido de apurar as circunstâncias de o porquê a equipe do SAMU não ter ido até o local para prestar atendimento a senhora de 33 anos.

Ainda segundo a SSP, o delegado Pedro Henrique Félix Bernardes, titular da 66ª DP de Miranorte, está à frente das investigações e requisitou perícia no local dos fatos, bem como, solicitou que o corpo fosse levado para o IML em Paraíso onde está sendo submetido a necropsia.

A Polícia Militar registrou o caso como “morte aparentemente natural” e também foi informada pela moradora de que o Samu foi chamado e não compareceu ao local.

A coordenação do Samu informou que a ambulância que atende Miranorte é uma unidade de suporte básica regulada pela Semus [Secretaria Municipal de Saúde] de Palmas. A cidade fica a cerca de 100 quilômetros da capital.

A Secretaria Municipal de Saúde (Semus) de Palmas informou que a unidade de suporte básico (USB) do Samu de Miranorte faz parte da Central de Regulação das Urgências de Palmas. Disse que o canal 192 recebeu três chamadas cidade de Miranorte, sendo que nos dois primeiros houve queda na ligação e no terceiro a ligação foi encaminhada para a regulação que a usuária necessitava apenas de um transporte para sua residência. A prefeitura alega que a solicitação foi negada em razão das ambulâncias do Samu serem de uso exclusivo para atendimentos de urgência e emergência, o que não inclui o transporte de pacientes para suas residências.

A Semus afirmou ainda que está à disposição para os esclarecimentos que se fizerem necessários ao atendimento realizado.

Fonte: G1 Tocantins