Polícia do Rio prende pelo menos 51 suspeitos de praticar abortos
Pelo menos 51 pessoas foram presas na manhã desta terça-feira (14) no Rio de Janeiro, suspeitas de envolvimento com a prática de abortos. A Coinpol (Corregedoria Interna da Polícia Civil do Rio de Janeiro) faz uma operação para cumprir 75 mandados de prisão contra suspeitos de integrar a principal quadrilha responsável por clínicas clandestinas de aborto no Estado.
De acordo com a Coinpol, a quadrilha cobrava até R$ 7.500 por procedimento. Um dos supostos chefes do esquema, o médico Aloísio Soares Guimarães, foi preso hoje. Ele já foi preso pelo menos outras duas vezes, em 2011 e 2013, pelo mesmo motivo. Entre os presos há mais dois médicos, quatro policiais civis, dois policiais militares e um bombeiro. A Justiça expediu ainda 118 mandados de busca e apreensão.
Entre os suspeitos, informou a Polícia Civil, há dez médicos, um falso médico, quatro policiais militares, oito policiais civis, um bombeiro militar, três advogados e um militar do Exército. As ordens de prisão foram expedidas pela 4ª Vara Criminal da Capital. A operação foi batizada “Herodes”.
Ainda de acordo com as informações divulgadas pela Coinpol, trata-se da maior operação já feita pela instituição para reprimir uma associação criminosa com foco na prática de aborto. O inquérito policial, que levou cerca de 15 meses para ficar pronto, possui 56 volumes e mais de 14 mil páginas.
“Durante a apuração, a Coinpol constatou que a organização criminosa era dividida em sete núcleos, com área de atuação na capital e na região metropolitana. Ao longo das últimas décadas, eles realizavam manobras abortivas em mulheres nas mais variadas fases de gestação, incluindo as avançadas, pelas quais eram cobradas quantias mais elevadas”, informou a Polícia Civil, em nota.
A quadrilha atuava não só no Estado do Rio de Janeiro. A polícia constatou que os criminosos também prestavam serviços a gestantes de outros Estados, “atendendo sempre em locais sem quaisquer condições de higiene e salubridade, expondo a risco a integridade física e a saúde das pacientes”.
A ação mobiliza 70 delegados e 430 agentes da Polícia Civil do Rio, com o uso de 150 carros e apoio da CGU (Corregedoria Geral Unificada), da Corregedoria Interna da Polícia Militar e do Exército Brasileiro. Há equipes de policiais civis também em São Paulo e Espírito Santo para cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão.
Caso Jandyra
No dia 27 de setembro, o corpo de Jandyra Magdalena dos Santos Cruz, 27, foi encontrado carbonizado dentro de um carro em Guaratiba, na zona oeste do Rio, sem a arcada dentária. A jovem estava grávida de quatro meses e morreu após um aborto realizado em uma clínica clandestina localizada no bairro de Campo Grande, também na zona oeste.
Com a repercussão do caso Jandyra, outros crimes cometidos contra gestantes ganharam destaque no noticiário dos últimos meses. Os restos mortais da vítima foram enterrados no dia 28 de setembro.
Pelo aborto, Jandyra teria pago R$ 4.500, de acordo com a polícia. Parentes relataram que ela trabalhava em uma concessionária no Recreio dos Bandeirantes, também na zona oeste da cidade, e tinha receio de perder o emprego por conta da gravidez. A jovem era mãe de duas filhas, sendo uma de 12 e outra de nove anos.
(UOL)