Policiais civis decidem entregar armas e reforçar greve; Sinpol diz que quer dialogar apesar de medidas “intimidatórias”
Os policiais civis do Tocantins, em greve há 18 dias, decidiram que vão entregar armas, viaturas, coletes, munições e demais objetos do Estado que estão em poder dos servidores na segunda-feira (16) na Secretaria de Segurança Pública do Tocantins. A decisão foi tomada em reunião na manhã deste sábado (14) na Casa de Prisão Provisória de Palmas (CPP).
Segundo o Sindicato dos Policiais Civis, são, ao todo, 1,7 mil armas, além de munições, coletes, entre outros objetos.
A decisão de entregar as armas também atende portaria conjunta das Secretarias de Segurança Pública (SSP) e da Secretaria de Defesa e Proteção Social (Sedeps), acatando uma recomendação do Ministério Público Estadual (MPE).
A portaria conjunta determina o retorno imediato ao trabalho de todos os agentes públicos que fazem parte da Polícia Civil e, caso isso não ocorra, determina que os grevistas entreguem suas armas num prazo máximo de 24 horas.
Para o líder sindical, Moisemar Marinho, a decisão mostra que o movimento de greve se fortalecerá. “Não existe segurança pública com policial desarmado. Se estamos entregando as armas não há outra razão que não seja reforçar o movimento”, disse.
Por outro lado, Marinho disse ainda que o comando de greve segue com a disposição de dialogar com o governo, mesmo diante das ameaças e medidas “intimidatórias”. “Estamos, mais uma vez, abrindo mão, cedendo em busca do diálogo. Estamos fazendo nossa parte e esperamos que o governo faça a dele, ou seja, negociar para por fim a este impasse”, disse.
Visitas aos presos e possível confronto com PM
O clima esteve tenso neste sábado (14). A Polícia Militar tinha sido escalada para garantir as visitas de familiares aos presos da Casa de Prisão Provisória de Palmas (CPPP) durante o final de semana, no entanto, o presidente do Sindicato avisou que 300 homens armados estavam dispostos a resistir à ação.
Temendo confronto armado e derramamento de sangue, a Polícia Militar chegou a se aproximar da CPPP, mas não foi autorizada a agir e os presos não tiveram visitas.
“Não temos nada contra a PM e os policiais militares sabem o que estamos enfrentando porque já passaram por isso”, disse o sindicalista Moisemar Marinho, em referência à greve de 2001 dos militares quando o então governador Siqueira Campos chamou o Exército para confrontar a categoria. “Até por isso, a PM está colaborando com a gente”, completou.
(Policiais civis na Casa de Prisão Provisória de Palmas prontos para resistir à ação da Polícia Militar)
Greve
Os policiais entraram em greve, no dia 25 de fevereiro, após o governador Marcelo Miranda suspender, por decreto, os efeitos financeiros da lei 2.851/2014 que regulamenta o alinhamento salarial da carreira dos servidores de nível superior.
Segundo a categoria, o alinhamento foi promovido pelo próprio governador Marcelo Miranda em 2007, na sua penúltima gestão. Porém, a regulamentação da conquista se arrastou por todos os governos seguintes e só veio a ocorrer em abril de 2014, para ter efeitos financeiros parcelados em quatro anos a partir de 2015.
A parcela de 2015 do alinhamento corresponde a apenas 1% da folha de pagamento do Estado.
(AF Notícias)