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Quando não se ouve mais a voz oprimida do cidadão, os atos falam por toda a sociedade. Quem são os vândalos?

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São Paulo tem 4º dia de protestos contra aumento das tarifas. Esse é um marco histórico para a democracia brasileira. Que todas as autoridades entendam que o povo está reagindo cada vez mais contra arbitrariedades como aumentos abusivos na carga tributária e nas taxas de serviços públicos. Em São Paulo a tarifa de ônibus é R$ 3,20. Que brasileiro terá o direito de ir e vir garantido quando sobrevive com alguns míseros salários mínimos?

Não é difícil mensurar o impacto disso no bolso do pai de família. Um simples cálculo aritmético responde com precisão à pergunta.

Infelizmente, ainda vemos um governante, e parcela da imprensa, chamar os manifestantes de vândalos. Não estariam eles invertendo os papéis? Não estariam estes governantes sendo os verdadeiros vândalos? Ou os políticos são, mais uma vez, as vítimas da incompreensão de um povo faminto?

Em São Paulo o que assistimos é a expressão de um sentimento que todos nós, cidadãos massacrados pela corrupção, gostaríamos de expressar todas as vezes que tivéssemos de conviver com atos de vandalismo aos cofres públicos e com a instituição de auxílios que variam do paletó à moradia.

Einstein já dizia: toda ação possui uma reação, na mesma intensidade, mesma direção e sentidos opostos. Essa reação demorou acontecer, dada a rotina de fatos inescrupulosos.

É justamente essa corrupção endêmica, epidêmica e voraz que alimenta o sentimento de revolta em nós, principalmente ao sabermos que em 2013 trabalhamos até o fim de maio apenas para pagarmos impostos.

Tenho absoluta certeza de que cenas como essas não se tornarão mais eventos raros em nosso cotidiano, e nem na história brasileira, pois o que constatamos é o limite para a falta de caráter, para a falta de respeito aos governados, para a falta de respeito àqueles que precisam socorrer-se de empréstimos com juros altíssimos para ter garantido o direito à moradia.

Não tenho dúvida também de que os papéis estão sim invertidos. Maioria da população há de entender que quando não se ouve mais a voz oprimida do cidadão, os atos falam por toda a sociedade.

Porém, há aqueles que condenam os manifestantes reforçando o estígma de vandalismo. Pessoas assim pregam que os ditos vândalos deveriam ser mais pacientes, ou até mesmo permanecerem deitados em berço esplendido enquanto são assaltados cotidianamente. Afinal, a parcialidade, até dias atrás, era a marca mais latente do povo brasileiro.

Os governantes esperavam que esses tachados de vândalos incorporassem mais uma vez o papel de simples telespectadores do espetáculo da corrupção. Afinal, sanguessugas, cachoeiras, dinheiro na cueca, superfaturamento de obras públicas, mensalão, máfia das ambulâncias, e muitas outras, são apenas invenções de uns poucos insatisfeitos com o modelo político vigente.

Esse é o Brasil de todo nós.

(AF Notícias)