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Revista Carta Capital diz que Eduardo Siqueira Campos recebeu R$ 60,5 mil do “mensalão tucano” de Minas Gerais em 1998

Divulgação

O secretário estadual de Relações Institucionais, Eduardo Siqueira Campos, teria recebido R$ 60,5 mil para sua campanha de senador em 1998 do esquema de caixa 2 que o publicitário Marcos Valério teria montado para o então candidato à reeleição no governo de Minas Gerais, Eduardo Azeredo (PSDB). A informação foi publicada na edição desta semana da revista Carta Capital. A lista publicada pela revista tem doadores e beneficiários do esquema. Eduardo aparece na relação dos beneficiários. [Clique aqui e confira a íntegra da matéria]

Na citação do nome de Eduardo aparece a anotação “via gov. Eduardo Azeredo/Pimenta da Veiga”, uma referência ao então ministro das Comunicações do então presidente Fernando Henrique Cardoso. O episódio ficou conhecido na mídia nacional como “mensalão tucano”.

O esquema foi operado pelo publicitário Marcos Valério de Souza, que assina a lista de doações e beneficiários, registrada em cartório. O agora ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, também aparece entre os beneficiários. Ele teria recebido R$ 185 mil. Sete anos depois, em 2005, Marcos Valério seria pivô de outro mensalão, do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. O senador José Agripino Maia (DEM) também é citado na lista, como beneficiário de R$ 70 mil.

Entre os beneficiários, além de políticos, constam meios de comunicação, institutos de pesquisa e fornecedores de vários serviços de campanha “que não necessariamente sabiam da movimentação ilegal de recursos”. “Podem ter recebido sem conhecer a origem do dinheiro que pagou por seus serviços”, ressalva a revista.

Foto: Reprodução

Fac-símile do documento de Marcos Valério, com o nome de Eduardo Siqueira Campos (o último na relação)

De qualquer forma, observa Carta Capital, a contabilidade assinada e registrada em cartório pelo publicitário Marcos Valério “mapeia o fluxo dos recursos não-registrados oficialmente”. “A diferença é colossal. Azeredo declarou ter gasto R$ 8 milhões, mas os números apontados pelo publicitário chegam a R$ 104 milhões”, diz o impresso.

Conforme Carta Capital, todos os papéis estavam em posse do advogado Dino Miraglia Filho, de Belo Horizonte, e foram entregues à Polícia Federal.

A reportagem vem a público na semana em que o Supremo Tribunal Federal (STF) começa a julgar o mensalão do governo Lula. O julgamento começa na quinta-feira, 2, com 38 réus, entre eles o ex-ministro-chefe da Casa Civil e tido como líder da suposta quadrilha, José Dirceu.

Operação Monte Carlo
O secretário Eduardo Siqueira Campos é citado também em vários trechos da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que investiga a relação do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos e empresários. Nas gravações telefônicas interceptadas pela PF, Eduardo é várias vezes citado, principalmente em diálogos entre Cachoeira e o diretor afastado da Delta Cláudio Abreu.

O CT já entrou em contato com a Assessoria de Eduardo, que deve se manifestar sobre o caso ainda nesta segunda-feira, 30.

(CleberToledo)