Sem categoria

Sambista Dicró morreu na noite desta quarta, aos 66 anos, em hospital de Magé

Divulgação

Morre no Rio de Janeiro na noite desta quarta-feira,24, o sambista carioca Dicró, aos 66 anos, em um hospital de Magé, na Baixada fluminense. Vários amigos, parentes e fãs acompanham o velório que acontece desde a manhã desta quinta-feira, 26 no cemitério Parque Jardim Mesquita, em Édson Passos também na baixada. O enterro será no mesmo local e está marcado para 16 horas.

Dicró sofria de diabetes e de insuficiência renal. Depois de uma sessão de hemodiálise, ele passou mal em sua casa e foi levado para o hospital, onde sofreu um infarto e não resistiu. Em novembro passado, ele chegou a ser submetido a uma cirurgia para tratar uma inflamação na vesícula.

Para Mara Rita carioca e Coordenadora de Radiojornalismo do Instituto de Radiodifusão Educativa do Tocantins a importância deste sambista está na “ irreverência carioca que ele representava, ele era aquela a parte engraçada do samba, o malandro. Em São Paulo nós encontramos a sua correspondência nos sambas de Adoniram Barbosa, é uma grande perda, nós perdemos o bom humor carioca”, explica.

Dicró fez parte de uma geração de sambistas muito criativos que criticavam a realidade da periferia carioca, com composições das raízes do samba. Era uma linhagem de compositores conhecidos como malandros cariocas, suas músicas eram satíricas, mas alegres como reclames do subúrbio carioca, com seus problemas amores e desamores.

Segundo o Produtor Cultural criado no Rio de Janeiro que hoje vive no cerrado palmense, Marcelo Souza, Dicró foi “ um dos últimos compositores dessa linhagem, se colocava em defesa dos interesses das pessoas da periferia, sempre defendeu a Praia de Ramos, a praia mais acessível a população mais pobre do Rio, do subúrbio e da baixada fluminense. Era vascaíno e sempre morou na zona norte”.

Ele era um dos ‘3 malandros’, com Bezerra e Moreira da Silva, cuja origem vem de Noel Rosa, uma espécie de cronista da vida do morro e da vida do subúrbio carioca.

Carreira
Segundo informações do G1, Nascido em 14 de fevereiro de 1946, Carlos Roberto de Oliveira era conhecido por compor sambas bem-humorados, recheados de duplos sentidos, sátira e brincadeiras com as sogras, como nas músicas “A vaca da minha sogra” e “Bingo da sogra”. “Eu adoro sogra. Se eu pudesse, tinha 10, minha mulher é que não deixa”, costumava dizer.

O apelido veio da época em que era compositor de um bloco carnavalesco em Nilópolis e assinava as composições com as iniciais de seu nome “CRO”. Ao darem o crédito dos sambas, diziam: “é de CRO”, o que em pouco tempo se transformou em Dicró.

Na década de 1990, formou parceria com os sambistas Moreira da Silva (1902-2000) e Bezerra da Silva (1927-2005), encontro que resultou no álbum “Os 3 malandros in concert”, em 1995.

O sambista nasceu em Mesquita, na Baixada Fluminense, mas sempre teve um carinho muito especial pelo bairro de Ramos, no subúrbio do Rio. Segundo ele, quando era pequeno, ia a pé de Mesquita até a praia de Ramos, pois não tinha dinheiro para pagar a passagem.

Para o sambista, essa era a razão pela qual incluiu Ramos em algumas de suas músicas. Quando a praia começou a ficar suja, Dicró chegou a organizar um abraço simbólico da população no entorno da praia.

De acordo com o G1 o sambista lançou 12 discos em sua carreira. Um dos últimos CDs lançados por Dicró era vendido na rua, de mão em mão. O projeto, que é chamado “CD rua” e é de autoria do cantor Aguinaldo Timóteo, dá a possibilidade de o artista vender o disco a preço popular, o que, segundo Dicró, era mais justo com os seus fãs.

Em 2010, ele fez uma série de participações especiais no Fantástico, programa da TV Globo como “supercorrespondente no mundo dos bacanas”.

Em março daquele ano, teve uma crise de hipertensão e foi internado. Depois de ter alta, declarou ao Canal F do Fantástico: “Não morri, não. Estou aí, duro na queda. Só estranhei uma coisa: andei de jatinho, de navio luxuoso, de limusine, de Ferrari e, de repente, quando eu me dou conta estou dentro de uma ambulância. Sabia que eu era gordo, cachaceiro e mentiroso, e diabetes eu descobri há pouco tempo. Cheguei no hospital, e os caras me internaram. Forçando uma barra: parei de beber e parei de fumar. Eu só nao consigo parar de mentir”. Com informações do G1.

O Político é uma dessas composições satíricas de Dicró, conta a história de um candidato que faz favores para os eleitores, e eles que não o elegem , confira a música que já começa assim : “ Traidor, traidor se tem coisa que não presta é tal do eleitor. / Dei areia, dei tijolo e envergalhão, subi no morro, carreguei bebe chorão. / E mesmo assim perdi a eleição”.

(CleberToledo)