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Seal diz que adora ouvir rap com filhos e elogia nova geração do estilo: ‘Eles são o novo punk’

Aos 56 anos, Seal sabe que seu auge no pop passou, mas também não quer ficar parado. O resultado é um que junta músicas do primeiro disco, lá de 1991, e várias faixas novas, que nem foram lançadas ainda.

O cantor de “Crazy” e “Kiss from a rose” se mostra assim em entrevista ao G1, antes do show no Rock in Rio 2019: curioso com novidades de outros estilos e também empolgado para tocar seus hits de soul pop de 30 anos atrás.

Além do primeiro e boa parte do segundo álbum, ele tem tocado cinco músicas inéditas nos shows mais recentes. Seal diz que a inspiração é a “necessidade de diálogo e comunicação” entre as pessoas.

Por falar em diálogo, seus quatro filhos com a modelo Heidi Klum (de quem se separou em 2012), fizeram Seal se encantar com o trap e o novo hip hop. Ele compara a música de Juice Wrld, XXXTentacion e Lil Uzi Vert ao punk: mais que canções, é um tipo de revolta desses novinhos.

Mas não espere ver Seal mandar rimas sobre a batida grave do trap, pelo menos por enquanto. No Rock in Rio, ele vai mostrar as tais novas músicas, que são “emotivas, mas dançantes”. E ainda vai ter participação da baiana Xênia França.

Seal admite que não conhecia a cantora brasileira. Ele deixa essa parte do set list aberta para a brasileira escolher. Com os velhos hits garantidos, ele não parece ter medo de se aventurar.

G1 – De quem foi a ideia da participação da Xênia França? Você já a conhecia?

Seal – Honestamente, foi das pessoas do Rock in Rio. Eu não conhecia, mas estou animado com a chance de cantar com um talento local. Ouvi as músicas dela e gostei bastante.

G1 – Já sabem o que vão cantar juntos?

Seal – Não sei, ainda não falei com ela. Mas o que ela quiser, vou acompanhar. Para mim é importante que ela se sinta confortável e se divirta. Estou no país dela.

Line-up do Rock in Rio em 3 minutos

Line-up do Rock in Rio em 3 minutos

G1 – Sobre o resto do show, vi setlists recentes seus com mais da metade do repertório do primeiro disco, de 1991 e do segundo, de 1994. Vai ser assim no Rock in Rio?

Seal – Acho que sim, mas misturado com muitas músicas bem novas. Eu estou incluindo muitas daquele disco porque o guitarrista da turnê é um cara com quem eu não tocava há muito tempo, o Gus Isidore.

Eu fiz com ele muito do primeiro e do segundo discos. O Gus tem uma maneira única de tocar. E eu nem tocava muitas dessas músicas porque ele não estava mais lá. Mas agora posso tocar de novo.

G1 – Mas o que ele tem de diferente?

Seal – Para começar, ele é canhoto e toca com a guitarra virada. Ele usa uma afinação diferente, aberta. E também porque é um ótimo músico mesmo, especial.

Sempre que voltamos a tocar juntos é uma coisa natural, parece que continuamos de onde paramos. É mágico.

G1 – Você já disse não estava mais interessado em lançar álbuns e sim singles avulsos. Mas desde então não lançou muita coisa. Podem aparecer músicas novas no Rock in Rio?

Seal – Sim, com certeza, umas quatro ou cinco novas músicas. Tem uma chamada “The morning After”, outra chamada “Person in the Mirror”, outra “I’ve been thinking”, outra “We’ve never met but I love you”. Todas novinhas, nem foram lançadas.

G1 – E como são essas músicas e quais foram as inspirações?

Seal – A necessidade de diálogo, de comunicação. Essa necessidade de as pessoas se conectarem é crucial hoje. Temos que nos reconectar, porque estamos nos desligando. E a música é uma dessas formas de arte que propiciam isso de uma maneira muito única.

G1 – A reconexão com Gus faz parte disso?

Seal – Não muito, porque eu escrevi sozinho. Ele pode trazer algo para elas, mas é diferente. Essas novas músicas são mais hipnóticas. Emotivas, mas dançantes. São eletrônicas, mas com alma. Não no sentido de soul music, mas de alma mesmo. São eletrônicas e orgânicas ao mesmo tempo.

G1 – Acho que isso resume a sua música em geral, não só as novas.

Seal – É, eu tento, e acho que sempre tem que ter um equilíbrio entre essas coisas.

Seal em SP — Foto: Flavio Moraes / G1

Seal em SP — Foto: Flavio Moraes / G1

G1 – Você tem quatro filhos adolescentes. Você ouve música com eles, ou sabe o que eles estão ouvindo?

Seal – Tenho uma filha de 15, um filho de quase 14, outro que vai fazer 13 e outra que vai fazer 10. Eu gosto do que eles gostam, sim. Algumas letras são… Hmm… Confusas…

Meus filhos ouvem muito trap e hip hop novo. Muito Sheck Wes. Eu entendo o trap. Eles são o novo punk. É a mesma coisa do punk rock, é anarquia. A coisa não é exatamente a canção, mas a expressão, a revolta. E é muito bom. Eu entendo a parte rítmica. Tem a atitude do punk, a imprudência. Reflete o mundo em que eles vivem e o jeito que ele veem este mundo.

G1 – Tem algum artista de trap ou música que você goste especialmente?

Seal – Sim, espera aí, porque eu estou com a playlist da minha filha aqui. Eu gosto de “Mo bamba” [de Sheck Wes], gosto desse hit [Seal começa a cantarolar um trecho de “Mo bamba”].

Eu gostava do XXXTentacion, infelizmente ele não ficou entre a gente por muito tempo. Eu curto o Lil Uzi Vert, gosto daquela música “Money Longer”. E também aquela música [Seal começa a balbuciar e lembra da música aos poucos]. Aquela “It’s all in my head”… “Lucid dreams”! De quem é mesmo?

G1 – Juice Wrld?

Seal – Isso! Se você olhar para ele, é como o punk. A mesma coisa. É óbvio pelas cores que eles usam, pelo jeito que eles pintam o cabelo. É a história se repetindo.

G1 – O seu avô era de Salvador, certo? Você teve contato com a cultura da Bahia ao longo da vida por causa disso, ou foi uma coisa indireta?

Seal – Na verdade era o pai do meu avô. Eu não tive esse contato direto. Mas eu sinto essa música em mim de alguma forma. E no fim das contas, o tipo de músico que eu gosto, e as qualidades dos artistas brasileiro que admiro, vêm muito da Bahia. Eu gosto muito do Dorival Caymmi porque, para mim, ele representa a alma e o coração do Brasil, eu amo a voz dele.

Fonte: G1