Secretário presidirá conselho que fiscaliza suas próprias ações; ‘contraditório’, diz Federação
Para os artistas e profissionais cênicos do Tocantins, é muito contraditório que o gestor da pasta da Cultura seja também o presidente do Conselho que tem a função principal de fiscalizar e dar transparência à utilização dos recursos do setor cultural.
Nesse mesmo sentido, a Federação Tocantinense de Artes Cênicas (Fetac) afirmou ser contrária ao resultado da eleição do Conselho Estadual de Políticas Culturais do Tocantins (CPC-TO), que definiu o secretárioTom Lyra, da Agência do Desenvolvimento do Turismo, Cultura e Economia Criativa (Adetuc), para conduzir os trabalhos do Conselho no biênio 2020-2022.
A crítica dos artistas e profissionais das artes cênicas do Tocantins foi exposta em Carta Aberta encaminhada à Adetuc, que declara que a manutenção desta situação coloca em questionamento a moralidade e a impessoalidade do pleito eleitoral.
“Esperamos, não seja a intenção do Gestor, pelo contrário, esperamos que tenha sido um instante de desatenção e de descuido”, expõe o documento da Fetac, que conta ainda com uma solicitação de reavaliação da decisão do gestor da Adetuc de permanecer na presidência do Conselho.
O presidente da Federação Tocantinense de Artes Cênicas, Kaká Nogueira, complementa que foi com entusiasmo que a Federação recebeu as primeiras ações do Governo, principalmente em escutar a classe artística organizada, abrir espaço para participação da sociedade no Grupo Técnico de Trabalho da Lei Aldir Blanc, e, principalmente, pela retomada da eleição e posse para o Conselho de Políticas Culturais do Tocantins, desativado há anos. “Isso tudo são decisões e posicionamentos extremamente positivos e demonstram o necessário diálogo que deve haver constantemente”, relata.
No entanto, o presidente ressalta que foi com profundo espanto e perplexidade que recebeu o resultado da eleição, realizada ainda sem tempo hábil para uma organização e debate entre os representantes eleitos e suas bases. “Organização eleitoral que desequilibra a disputa e torna o resultado passível de críticas, e muitas críticas”, reforça Kaká Nogueira.
Legalidade
A Federação disse que tem conhecimento sobre a legalidade da eleição, visto que a legislação do Sistema Estadual de Cultura prevê que qualquer membro titular do Conselho pode se candidatar. Contudo, considera um retrocesso histórico no diálogo com a classe.
“Por mais que tenha amparo legal na eleição de um gestor da pasta de cultura para ocupar, cumulativamente, a cadeira da Presidência do Conselho, é certamente, uma decisão que coloca dúvida sobre a impessoalidade e a moralidade desta representação institucional, ato que devemos repudiar, sem falar da fragilidade da publicidade da pauta eleitoral que não cumpre um tempo mínimo razoável, para o prévio conhecimento e debate entre os conselheiros”, declara a Carta Aberta.
A Carta sugere que a presidência do Conselho fique com membros da sociedade, como forma de garantir transparência na valorização do setor cultural e no fortalecimento das instituições representativas. “É legal, mas é imoral o gestor de uma pasta (quem tem amparo técnico e jurídico desta) ser também o gestor do seu principal órgão fiscalizador? É esta a marca histórica que deseja realmente carregar?”, questiona a Fetac.
Fonte: AF Noticias