Sem transporte público, alunos dormem em escola no Tocantins
No sudeste do Tocantins, a realidade dos alunos da Escola Municipal Rural dos Matões, da Comunidade Quilombola dos Matões, na zona rural de Conceição do Tocantins, é de total abandono. Sem ter ônibus escolar, das 18 crianças que cursam o ensino fundamental, quatro têm que dormir no local. Com elas, ficam um professor e a merendeira, que é mulher dele, como mostra a reportagem abaixo veiculada no Bom Dia Brasil desta segunda-feira (19).
“Porque a gente mora muito longe daqui, uns 18 km e não tem transporte para gente vir, a não ser no meu carro. Aí quando ele quebra, tem que vir a pé ou a cavalo, então somos obrigados a ficar aqui durante a semana”, conta o professor Leonides das Neves.
Sem ter como voltar para casa, eles improvisam tudo. “Para a gente tomar banho tem que caçar água nos córregos, uma distância de quase seis quilômetros”, ressalta o professor, lembrando dos perigos que passam, tendo que ficar na escola durante toda a semana. “A gente está vendo a hora do perigo de cobra, escorpião que é o que mais tem aqui no sertão.”
Na escola não falta só o transporte escolar. Para que as crianças não fiquem sem a merenda, Divani Abreu das Neves, improvisa no quintal, fazendo a comida à lenha. “Desde a semana passada que está sem gás.”
Na sala de aula, a mesa, as carteiras, o quadro negro estão em péssimas condições. E à noite, a situação piora. Sem energia na escola, só a vela para iluminar os cômodos. “É difícil. Nós estamos no século XXI, e ver uma coisa dessa, passar por uma coisa dessa.”
A situação precária da escola foi denunciada pela Defensoria Pública do Estado. “Vamos oficiar o município pra que adote providências, imediatamente, no sentido de regularizar a situação desse grupo de alunos. Nos deixou aqui aterrorizados. É uma situação de total abandono que esse pessoal se encontra”, ressalta o Defensor Público, Hud Ribeiro Silva.
A secretária municipal de Conceição do Tocantins, Edmaria de Oliveira e Silva, disse que providências serão tomadas. “Com certeza as medidas necessárias serão tomadas o mais rápido possível”, disse, acrescentando, que a situação é irregular. “Não pode. Eu tenho consciência disso.” A prefeitura não disse quais são as melhorias e nem deu um prazo para resolver os problemas da escola.