Sonho de criança inspira violeiro Claudivan Santiago em seu novo álbum autoral, ‘Anjo da Noite’
O cantor, compositor e violeiro caipira Claudivan Santiago apresenta na próxima quinta-feira (27/06), às 20h, no Teatro Sesc Garagem, em Brasília, ‘Anjo da noite”, o seu mais novo álbum autoral. No mesmo dia, o disco também já estará disponível nas principais plataformas de streaming.
Com um histórico de cinco discos autorais já gravados, uma premiação nacional de melhor CD instrumental em 2013 e gravações com artistas de renome, como Sérgio Reis, Claudivan Santiago chega ao seu sexto trabalho musical como uma referência da moderna viola caipira brasileira e presença constante no cenário musical brasiliense.
Ele explica que, por ter seu próprio estúdio e estar sempre criando e produzindo coisas novas, começou a selecionar repertório e a gravar as músicas, mas sem nenhuma pressa. Assim, acabou gravando 10 canções inéditas. Destas, pelo menos três foram compostas no auge da pandemia: Uma viagem bonita, que relata uma viagem imaginária do próprio violeiro pelo país; Calmaria, onde ele faz uma profunda reflexão acerca das tristezas e deformidades sociais desses novos tempos; e, ainda, Amor de pai, uma guarânia lenta e calma que mostra um filho angustiado clamando por socorro.
Completam o álbum as românticas Águas de solidão, No colo da paixão, Flecha rara e Menina do sertão; Alma brasileira, um grito de esperança pelo Brasil; e Simplicidade, esta última uma parceria inédita do violeiro com o cantor e compositor César Alencar, outro tocantinense também radicado em Brasília.
A inspiração
O violeiro revela que a ideia inicial era de que o disco se chamasse Simplicidade, nome da música feita com o amigo César Alencar. No entanto, Anjo da noite – uma canção que, segundo ele, lhe provoca arrepios -, acabou roubando a cena. “Anjo da noite é uma música que se impôs desde o início. Parece que estava escrito que ela apareceria neste exato momento da minha vida, que ela deveria existir. A princípio eu não queria cantá-la, e muito menos gravá-la. É uma música que surgiu do nada, não foi pensada, nem projetada. Achei a melodia interessante, bonita, e fui criando uns arranjos, fui gravando…e a música ficou pronta ainda em 2022”, diz.
O sonho que virou música
Segundo Claudivan Santiago, tudo começou quando ele tinha por volta de sete anos de idade e morava na roça com seus avós paternos Mané Preto e Mariquinha (seus pais de criação), no norte do Tocantins. Uma figura nada amigável e aparentemente vinda de outro mundo começou a aparecer em seus sonhos, noite após noite. Assustado e impactado com aquilo, ele contou a história para sua avó, que, por sua vez, passou a lhe ensinar a Oração do Pai Nosso como forma de por um fim naquele pesadelo.
“A mãezinha simplesmente me fazia repetir o Pai Nosso toda noite antes de dormir, até que eu decorasse tudo. E ela me recomendou que a partir daquele dia nunca mais eu fosse dormir ou levantar sem rezar o Pai Nosso. Isso me foi encomendado por ela e eu pratico até hoje”, relata o violeiro.
Porém, ao contrário do que previu Dona Mariquinha, o “anjo” nunca se foi, e o sonho continua se repetindo até hoje na vida do violeiro, de formas diversas, mas sempre com a mesma essência aterrorizante, uma experiência sobrenatural que ele diz não compreender, mas que acabou se transformando em música. “Não há o que explicar. É só ouvir!”, resume o artista.