Thalita Carauta comemora protagonista lésbica em mês do orgulho: ‘Nossa humanidade não era representada’
Thalita Carauta vive sua primeira protagonista em um filme de drama aos 38 anos. A atriz interpreta Adriana, uma corredora abandonada pelo clube, em “4×100 – Correndo por um sonho”, filme de Thomás Portella sobre jogos olímpicos.
Adriana é uma mulher pobre, da periferia de São Paulo, e conta apenas com o próprio potencial para chegar às Olimpíadas de Tóquio. É também uma mulher lésbica. No mês do orgulho LGBTQIA+, a atriz comemora. “A gente precisa conseguir espaço para falar das diferentes maneiras de espelho. As pessoas são diferentes, as relações são diferentes. Já tinha que ser assim, né?”
“Como durante tanto tempo a gente não pode perceber o quanto a nossa humanidade não era representada? Que cada vez mais se fale sobre as milhões de maneiras de ser. A gente teve muitas conquistas, mas isso ainda é um assunto que precisa ser muito falado.”
A atriz foi casada com a diretora e escritora Aline Guimarães, com quem tem Bento, de 8 anos. Agora, namora a também atriz Tamirys Ohana, que conheceu nas gravações da série “Segunda chamada”.
Mais que uma letra: entenda o que significa a sigla LGBTQIA+
Carauta se sente muito à vontade com sua primeira protagonista. Ela levou o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro como melhor atriz coadjuvante por O Lobo atrás da porta, em 2015. Depois disso, fez participações em franquias de humor e estrelou a comédia “Duas de Mim”.
“Eu fico muito agradecida. É muito difícil mesmo as pessoas olharem você no humor e conseguirem imaginar você fazendo outras coisas. Nunca foi um projeto meu ser comediante. Eu acho muita responsabilidade. Fazer rir é muito difícil e pretensioso. E se eu falo que vou fazer uma peça de humor e as pessoas não acham graça?”
Atrizes treinaram e se lesionaram para gravar filme ‘4×100 – Correndo por um sonho’ — Foto: Divulgação
“4×100” mostra como se supera um incidente e uma desclassificação. E o impacto disso na vida de diferentes atletas. A equipe de protagonistas também tem Fernanda de Freitas, Priscila Steinman e Cintia Rosa.
As cinco personagens representam as mazelas de ser atleta e mulher no Brasil. Adriana, personagem de Carauta, é não consegue contratos e patrocínios por racismo de clubes e marcas.
“É exatamente isso [que acontece]. Enquanto a Maria Lúcia, personagem da Fernanda, é uma mulher branca, loira e está ali tirando fotos, com muitos contratos, a Adriana, minha personagem, é uma atleta negra e que se ferrou, sequer teve um apoio e foi jogada para escanteio. Então que bom que o filme aborda isso né, que bom que o filme mostra as coisas como realmente são.”
Trailer de ‘4×100 – Correndo por um sonho’
Para alcançarem o shape de atleta, as atrizes passaram por uma dieta de proteína e treinos intensos de musculação. Após dois meses de preparação, elas treinaram um mês no NAR-SP (Núcleo de Alto Rendimento de São Paulo), onde atletas profissionais suam todos os dias.
A experiência deixou alguns hematomas de lembrança. “Como a gente gravava muitas cenas de corrida, a gente realmente corria muito. Então a gente precisava de uma assistência no set. A gente teve dublê, mas usou muito pouco, em momentos que estávamos realmente machucadas”, conta Carauta.
Thalita Carauta, Fernanda de Freitas e Priscila Steinman no filme ‘4×100 – Correndo por um sonho’ — Foto: Divulgação
Fonte: G1 Pop & Arte