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Tocantins continua sem radioterapia para pacientes com câncer

mulher_chorando_2O desespero e o choro de quem procura por tratamento contra o câncer no Tocantins demonstra o drama de pessoas que tentam lidar com essa doença, que quando se instala revela um verdadeiro desafio para os pacientes. Nesta quarta-feira (4), em que é lembrado o Dia Mundial Contra o Câncer, os pacientes que precisam de radioterapia no estado só tem motivos para preocupação. A única máquina para o tratamento no Tocantins está quebrada há meses.

No Tocantins, as dificuldades começam antes mesmo dos pacientes descobrirem que possuem a doença. O que ajuda no combate ao câncer é o diagnóstico precoce. Mas segundo a diretora da Associação Pró-Vida de Combate ao Câncer em Araguaína, ainda são muitos os desafios de quem busca o tratamento.

Máquina de radioterapia continua sem funcionar em Araguaína (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Máquina de radioterapia continua sem funcionar
em Araguaína (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

“Nós chamamos de ‘Via Sacra’. A pessoa que tem câncer, já não basta a doença que é uma coisa pesada, ela ainda tem que estar se humilhando, procurando padrinhos para conseguir uma consulta no sistema [público de saúde]. Quando a pessoa fica com o último exame pronto o primeiro já venceu e ela tem que começar tudo de novo. Quem tem câncer não pode esperar”, reclama a diretora geral do Pró-Vida, Ely Góes.

Além da demora no diagnóstico outro desafio para o paciente que tem câncer é que no Tocantins é dar sequência no tratamento. Isso porque a única máquina de radioterapia do Estado e que estava em Araguaína segue quebrada. Já a nova máquina que chegou no fim de 2014 ainda está desmontada. Quando o equipamento estragou, em novembro passado, muitos pacientes tiveram o tratamento interrompido.

Para ser instalada, máquina de radioterapia adquirida recentemente precisa de uma nova sala adaptada e até hoje as obras não foram iniciadas. Sem o conserto da máquina antiga, os 21 pacientes que aguardavam por tratamento foram levados para Goiânia. No entanto, quem chegou no estado agora não sabe o que fazer.

É o caso da dona de casa Sueli Pereira da Conceição. Ela saiu do Amazonas, onde mora, para acompanhar a mãe que foi diagnosticada com câncer de colo de útero. Há uma semana em Araguaína, a dona de casa foi surpreendida com a falta de tratamento de radioterapia e agora vive com a incerteza.

“Foi um susto muito grande porque a única referência que a gente teve foi aqui em Araguaína. Chegamos aqui e nos falaram que é em outro lugar. Está desse jeito. Tive que sair de longe, deixei meus filhos, vim para cá e até agora não temos nenhum resultado”, afirma a dona de casa.

Questionado sobre uma previsão para as máquinas de radioterapia voltarem a funcionar em Araguaína, o governo do estado, através da Secretaria de Saúde (Sesau), alegou em nota que ainda não há data definida para o conserto e nem para a instalação dos equipamentos.

“A Sesau ressalta que nenhum paciente está sem tratamento de radioterapia, até o momento já foram encaminhados cerca de 90 pacientes para Goiânia. O serviço terceirizado continuará até que o equipamento da radioterapia de Araguaína seja consertado ou o novo equipamento, que já está na cidade seja instalado”, informa a nota.

Ainda conforme o documento, no Tocantins os pacientes possuem outros tratamentos para o câncer em duas Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), sendo uma em Palmas, no Hospital Geral de Palmas (HGP), e outra em Araguaína, no Hospital Regional de Araguaína (HRA).

Nesses locais são realizadas consultas, quimioterapias, braquioterapias, exames, cirurgias, entre outros procedimentos para o tratamento da doença.

Dados
Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2014, na região norte do Tocantins seriam registrados mais de 20 mil novos casos da doença. No estado, o câncer de maior incidência nos homens é o da próstata. No ano passado, as estimativas eram de 410 casos novos da doença. Já entre as mulheres, em primeiro lugar está o câncer de mama seguido do câncer de colo de útero, que em 2014, a estimativa era de 360 novos casos.

(G1)