Tocantins não elege nenhuma mulher para a Câmara dos Deputados e reduz para 12,5% a presença de deputadas na AL
O Tocantins não elegeu nenhuma mulher para a Câmara dos Deputados nessas eleições. Desta vez, oito deputados federais foram escolhidos para representar o estado pelos próximos quatro anos e formaram uma bancada totalmente masculina.
Nas últimas eleições, em 2018, duas mulheres tinham sido eleitas: a Professora Dorinha (DEM), que agora venceu no cargo de senadora, e Dulce Miranda (MDB), que se candidatou, mas não foi reeleita.
Dois oito deputados federais, quatro foram reeleitos. São eles: Vicentinho Junior (Progressista), Carlos Gaguim (União Brasil), Eli Borges (PL) e Lázaro Botelho (Progressistas) – eleito suplente em 2018 e assumiu o cargo em julho de 2022.
Os outro quatro são: Toinho Andrade (Republicanos), que foi o mais votado, com 63.813 (7,68%) votos, além de Alexandre Guimarães (Republicanos), Ricardo Ayres (Republicanos) e Filipe Martins (PL).
Deputadas estaduais
Homens são maioria na AL Tocantins — Foto: Koró Rocha/AL-TO
O número de deputadas estaduais diminuiu. Dos 24 nomes escolhidos para assumir as cadeiras na Assembleia Legislativa do Tocantins pelos próximos quatro anos, somente três são de mulheres: Professora Janad Valcari (PL), Vanda Monteiro (União) e Claudia Lelis (PV).
Nas eleições de 2018 foram eleitas cinco mulheres, número que correspondia a apenas 20,8% do total de 24 cadeiras. Agora o percentual caiu para 12,5%.
Josiane Aparecida Ferreira, que foi professora de Ciência Política em uma faculdade particular de Palmas por 13 anos, afirma que o cenário político é o reflexo do comportamento dos eleitores em uma onda do conservadorismo.
“O cenário político brasileiro passou e passa por um momento de retrocesso, no que tange a várias pautas no que diz respeito às minorias. Como as mulheres fazem parte das minorias, a baixa eleição delas é reflexo desse cenário, além do ressurgimento e avanço de alguns ideais mais conservadores. O cenário atual reflete o velho machismo, o velho modelo patriarcal, os ideais conservadores que assolam nosso país neste momento”, disse Josiane.
Ela lembra ainda que mais homens têm condições ou possibilidades de lançar candidaturas.
“A mulher está sempre mais à frente da gestão do lar, do cuidado com a família, e o tempo que ela dedica a isso pode impedir que ela entre no processo de militância, de participação partidária. Muitos homens estão à frente da política mesmo porque tem uma mulher que está gerindo o lar para que o homem possa avançar, então ele tem essa retaguarda”, explicou.
Sobre o estado não eleger nenhuma mulher para a Câmara dos Deputados e reduzir a quantidade de deputadas na AL, ela lembra que as mulheres devem ficar atentas.
“As eleitoras devem observar com olhos mais atentos, despir-se das análises mais rasas e romantizadas e aprofundar o conhecimento histórico para resgatar no que já foi vivido o quanto é importante a sororidade. Eleger mais mulheres ou menos mulheres diz muito sobre um povo, sobre seus valores”, disse.
Fonte: G1 Tocantins