Afastado com primeira-dama, governador Wanderlei chama decisão de precipitada e injusta
Alvo da segunda fase da Operação Fames-19 da Polícia Federal, o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), afastado do cargo por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), se manifestou nesta quarta-feira (3) sobre a decisão judicial. Em nota, afirmou respeitar as instituições, mas classificou a medida como “precipitada”, já que, segundo ele, as apurações ainda estão em andamento e não há fatos novos.
O afastamento foi determinado pelo ministro Mauro Campbell, no âmbito da investigação sobre desvio de recursos públicos destinados à compra de cestas básicas durante a pandemia de Covid-19 no Tocantins. A primeira-dama, Karine Sotero Campos, que é secretária extraordiária de Participações Sociais, também foi afastada.
“Registro que se trata de medida precipitada, adotada quando as apurações da Operação Fames-19 ainda estão em andamento, sem conclusão definitiva sobre qualquer responsabilidade da minha parte”, disse.
DEFESA
Wanderlei ressaltou que os pagamentos das cestas básicas ocorreram entre 2020 e 2021, período em que ainda era vice-governador de Mauro Carlesse e não tinha poder de ordenador de despesas. O chefe do Executivo também destacou que determinou a abertura de auditoria interna nos contratos citados.
“Por minha determinação, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e a Controladoria-Geral do Estado (CGE) instauraram auditoria sobre os contratos mencionados e encaminharam integralmente as informações às autoridades competentes”, afirmou.
O governador adiantou que vai recorrer da decisão e adotar “todos os meios jurídicos necessários” para reassumir o comando do Palácio Araguaia.
“Vou comprovar a legalidade dos meus atos e enfrentar essa injustiça, assegurando a estabilidade do Estado e a continuidade dos serviços à população”, concluiu.
ENTENDA O CASO
A decisão do STJ afasta Wanderlei do cargo por 180 dias. Com isso, o vice-governador Laurez Moreira (PDT) assume interinamente o governo.
A Operação Fames-19 apura um esquema de desvio de recursos públicos destinados à compra de cestas básicas e frangos congelados durante a pandemia de Covid-19. Segundo a PF, os contratos, firmados sem licitação, podem ter causado prejuízo de mais de R$ 71 milhões aos cofres estaduais.
Cerca de 200 agentes federais cumpriram 51 mandados de busca e apreensão em Palmas, Araguaína, Distrito Federal, Paraíba e Maranhão. Entre os alvos estão o Palácio Araguaia e a Assembleia Legislativa do Tocantins.
A investigação também analisa se parte do dinheiro desviado foi usada para lavagem de capitais, com investimentos em empreendimentos de luxo, compra de gado e pagamento de despesas pessoais dos investigados.
Nota do governador na íntegra:
“Recebo a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) com respeito às instituições, mas registro que se trata de medida precipitada, adotada quando as apurações da Operação Fames-19 ainda estão em andamento, sem conclusão definitiva sobre qualquer responsabilidade da minha parte. É importante ressaltar que o pagamento das cestas básicas, objeto da investigação, ocorreu entre 2020 e 2021, ainda na gestão anterior, quando eu exercia o cargo de vice-governador e não era ordenador de despesa.
Reforço que, por minha determinação, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e a Controladoria-Geral do Estado (CGE) instauraram auditoria sobre os contratos mencionados e encaminharam integralmente as informações às autoridades competentes.
Além dessa providência já em curso, acionarei os meios jurídicos necessários para reassumir o cargo de Governador do Tocantins, comprovar a legalidade dos meus atos e enfrentar essa injustiça, assegurando a estabilidade do Estado e a continuidade dos serviços à população.
Governador Wanderlei Barbosa (Republicanos)“
Fonte: AF Noticias