Suspeito de assassinar jovem indígena de forma brutal é preso na Ilha do Bananal
Em meio à comoção nacional pela morte da jovem indígena Harenaki Javaé, de 18 anos, a Polícia Civil cumpriu, na manhã deste sábado (13), o mandado de prisão temporária de Kurania Karajá, de 65 anos, conhecido pelos apelidos “Cachoeiro” ou “Cachoeirinha”. O crime brutal ocorreu no último domingo (7), nas proximidades da Aldeia Canuanã, na Ilha do Bananal.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, a ação foi conduzida pela 84ª Delegacia de Polícia de Formoso do Araguaia, com apoio da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Gurupi.
Harenaki foi encontrada morta durante um festejo tradicional e o evento foi interrompido devido à tragédia. Segundo apurado, o corpo apresentava sinais de violência sexual, perfuração nos olhos, língua cortada, unhas arrancadas e estava parcialmente carbonizado. A jovem, que tinha deficiência intelectual e estava grávida, era acompanhada por instituições de saúde e, conforme relatos de indígenas, sofria abusos do suspeito.
Histórico de violência
A apuração revela que Kurania Karajá tinha histórico de ciúmes e ameaças contra Harenaki, que vinha sendo alvo de agressões constantes. Testemunhas relataram à polícia que ele pode ter utilizado facão e gasolina na execução do crime. Além disso, indígenas afirmaram que o suspeito chegou a declarar publicamente, durante a festa, que mataria a jovem, motivado por ciúmes.
Exames confirmaram a gestação da vítima, e o resultado do DNA do feto deve ser divulgado nos próximos dias, podendo ser decisivo para comprovar a autoria do crime e esclarecer se Kurania é o pai da criança. Outra hipótese levantada por indígenas é de que Harenaki poderia ter ficado grávida após sofrer estupro coletivo meses antes do assassinato.
Conduções anteriores à prisão
Kurania Karajá já havia sido conduzido duas vezes à delegacia: na primeira, foi liberado por falta de provas; na segunda, permaneceu detido para depoimento. Além dele, outro suspeito, não indígena, também foi conduzido à delegacia, mas não houve prisão.
Ligação com crimes anteriores
A reportagem apurou ainda que Kurania Karajá é o principal suspeito da morte da mãe de Harenaki, Joana Maijeweru Javaé, assassinada em 2022 na Aldeia São João, também na Ilha do Bananal. Na época, o crime não foi formalmente denunciado à Justiça, e o suspeito não foi responsabilizado.
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Vestígios coletados e próxima fase da investigação
Durante a operação, vestígios genéticos foram recolhidos na residência do suspeito e serão enviados para exame pericial. A delegada Thuanny Falcão, responsável pela 84ª DP de Formoso do Araguaia, destacou que o material genético será fundamental para subsidiar a investigação e garantir a responsabilização do autor.
“Com base nas oitivas de testemunhas e nas diligências realizadas, conseguimos reunir elementos que apontam para o envolvimento do investigado. A apreensão de materiais genéticos será crucial para esclarecer definitivamente a autoria do crime”, afirmou a delegada.
Comunidade e repercussão
O assassinato de Harenaki provocou forte reação de organizações indígenas. O Instituto de Caciques e Povos Indígenas da Ilha do Bananal (Icapib) classificou o crime como “bárbaro e covarde” e exigiu punição exemplar. Funai e Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI-TO) também repudiaram a violência e pediram rigor nas investigações.
Enquanto a comunidade Javaé permanece em luto, as festividades locais foram canceladas, e lideranças cobram medidas concretas do Estado para prevenir novas tragédias, reforçando que episódios de violência contra mulheres indígenas na Ilha do Bananal muitas vezes não chegam às autoridades por medo de represálias.
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Fonte: AF Noticias