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Operação sobre desvio do fundo eleitoral atinge subprefeito e aliado de Eduardo Siqueira

Notícias de Palmas  A Operação Atos 5:1-11, realizada nesta quarta-feira (15) pela Polícia Federal, acendeu o sinal de alerta na base política do prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira (Podemos). A ofensiva, que apura suspeitas de desvio de recursos do fundo eleitoral e falsidade ideológica durante as eleições de 2022, teve como alvos o vereador Rubens Uchôa (União Brasil) e o subprefeito dos Aurenys e Taquaralto, Júnior Brasão (PSB), ambos integrantes da base política da gestão.

As investigações tramitam na 29ª Zona Eleitoral do Tocantins. Segundo a PF, foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão em Palmas. O inquérito apura um possível esquema de simulação de despesas e uso de empresas de fachada para justificar o recebimento de recursos públicos de campanha, com movimentações consideradas incompatíveis com o número de votos obtido por alguns candidatos.

O nome da operação faz referência a um trecho bíblico do livro de Atos, capítulo 5, versículos 1 a 11, que narra a história de Ananias e Safira – casal que ocultou parte de uma oferta e mentiu sobre sua origem -, metáfora usada pela PF para representar a ocultação de verbas eleitorais.

Aliados do Paço Municipal entre os alvos

O vereador Rubens Uchôa chegou a ser preso em flagrante durante a operação por posse irregular de arma de fogo, mas foi liberado após pagamento de fiança. Já Júnior Brasão teve endereços vasculhados pelos agentes da PF.

A operação também envolve Ângela Maria Cruz Borba (Avante), ex-candidata a deputada federal em 2022. Segundo a PF, há indícios de irregularidades na prestação de contas, com despesas incompatíveis e movimentações financeiras atípicas. Outro alvo é o empresário e jornalista Ramon Flaubert Macedo. 

Desconforto político

A presença de um membro do primeiro escalão da administração municipal e de um parlamentar aliado entre os investigados gerou constrangimento no entorno de Eduardo Siqueira, que tenta consolidar apoio na Câmara e reorganizar sua base após meses de instabilidade política marcados por prisão e afastamento do gestor.

Uchôa é considerado um dos vereadores mais próximos do Paço, enquanto Brasão ocupa um cargo estratégico na região sul da capital, área de forte peso eleitoral.

Até o momento, Prefeitura de Palmas e Câmara Municipal não se manifestaram oficialmente sobre a operação. Fontes ligadas à gestão admitem preocupação com os desdobramentos políticos e jurídicos, especialmente em um momento em que o prefeito busca reforçar sua imagem administrativa.

Em nota, Rubens Uchôa afirmou que sua prisão “foi uma questão pontual, sem relação com o objeto da investigação” e que está à disposição das autoridades. Já Júnior Brasão declarou que suas contas de campanha “foram aprovadas pela Justiça Eleitoral” e que “confia na apuração para esclarecer os fatos”.

As defesas de Ângela Borba e Ramon Flaubert informaram que ainda não tiveram acesso integral aos autos e que se manifestarão quando obtiverem vista do processo.

Fundo eleitoral sob questionamento

O caso reacende o debate sobre o uso e a fiscalização do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC). Criado para garantir isonomia nas disputas eleitorais, o mecanismo público de financiamento tem sido alvo de críticas por falta de controle e transparência.

Segundo a PF, as irregularidades observadas no Tocantins seguem um padrão identificado em outras operações no país: criação de empresas recém-abertas, emissão de notas frias e uso de laranjas para justificar repasses e despesas fictícias.

Os investigados podem responder por falsidade ideológica eleitoral e apropriação indébita de recursos públicos, crimes com penas que chegam a nove anos de prisão, além de perda de bens e valores.

Fonte: AF Noticias