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Ministério Público apura série de irregularidades na gestão do prefeito de Figueirópolis

 O Ministério Público do Tocantins (MPTO) abriu uma série de procedimentos administrativos e expediu recomendações contra a Prefeitura de Figueirópolis, administrada pelo prefeito José Fontoura Primo (Republicanos). As apurações envolvem suspeitas de gastos excessivos em contratos públicos, uso irregular de veículos oficiais e execução de obras sem licenciamento ambiental.

Contrato de quase R$ 600 mil para coffee break

Um dos casos que mais chamou atenção foi o contrato de R$ 589.155,00, firmado pela prefeitura com uma microempreendedora individual (MEI) do próprio município para prestação de serviços de coffee break e buffet. O processo foi realizado por meio do Pregão Eletrônico SRP nº 015/2025, referente ao Processo Administrativo nº 179/2025.

A empresa vencedora, Diomaria Rocha Gomes (CNPJ 40.240.917/0001-88), foi contratada para fornecer lanches e refeições em eventos e campanhas municipais. A contratação, porém, gerou repercussão entre moradores, que questionam o gasto elevado em uma cidade de apenas 5,2 mil habitantes (IBGE, 2022), que ainda enfrenta problemas estruturais na saúde pública, como hospital sucateado, e acúmulo de lixo nas vias públicas.

Uma empresa concorrente, a Empório Eventuall Ltda, chegou a recorrer do resultado, apontando possíveis irregularidades na habilitação da vencedora — entre elas, ausência do patrimônio líquido mínimo exigido em edital e falta de declaração sobre compromissos assumidos. Mesmo assim, o prefeito José Fontoura Primo ratificou e homologou a contratação, mantendo a decisão da pregoeira.

O Ministério Público acompanha o caso, diante de indícios de falta de razoabilidade e transparência nos gastos públicos.

Uso irregular de veículos oficiais

Outro procedimento instaurado pelo MPTO apura o uso indevido de veículos oficiais por familiares e aliados políticos do prefeito. Segundo a 8ª Promotoria de Justiça de Gurupi, a frota pública de Figueirópolis não possui sistema de controle, registro ou monitoramento por GPS, e os veículos não estão devidamente identificados com plotagem, o que facilitaria o uso pessoal sem fiscalização.

O promotor André Henrique Oliveira Leite expediu a Recomendação nº 002/2025, concedendo prazo de 30 dias para que o município regularize toda a frota, publique um ato normativo disciplinando o uso de veículos oficiais e implante mecanismos de controle e identificação.

A recomendação determina ainda que o decreto municipal preveja:

  • Identificação visual obrigatória em todos os veículos;

  • Controle de uso por meio de ordem de serviço ou diário de bordo;

  • Local definido para guarda da frota;

  • Responsabilização por uso indevido;

  • Proibição expressa do uso de carros oficiais por agentes políticos ou familiares para fins particulares.

O Ministério Público adverte que o descumprimento poderá resultar em ação civil pública por improbidade administrativa, com possibilidade de perda da função pública, suspensão dos direitos políticos, multa civil e ressarcimento de prejuízos causados ao erário.

Obra sob suspeita ambiental

O MPTO também apura possível irregularidade ambiental na construção do balneário municipal de Figueirópolis. Segundo a 7ª Promotoria de Justiça de Gurupi, chefiada pela promotora Maria Juliana Naves Dias do Carmo Feitoza, há indícios de que a obra esteja sendo executada sem o devido licenciamento ambiental.

Foram encaminhadas diligências à Prefeitura de Figueirópolis, à empresa responsável pela obra (Construtora Central Norte Ltda) e ao Naturatins, solicitando a apresentação de todos os documentos e alvarás ambientais no prazo de 10 dias. O órgão ambiental estadual também foi convocado a realizar vistoria no local para verificar se há intervenções em Área de Preservação Permanente (APP).

MPTO também apura possível irregularidade ambiental na construção do balneário municipal

Gestão sob pressão

Os três casos – gastos com coffee break, uso irregular da frota e obras sem licença ambiental – colocam a gestão do prefeito José Fontoura Primo sob intensa fiscalização do Ministério Público.

As investigações reforçam a preocupação dos órgãos de controle com a transparência e o uso responsável dos recursos públicos em pequenos municípios, especialmente diante de gastos considerados desproporcionais em áreas não prioritárias.

O MPTO segue acompanhando os casos e poderá, conforme as respostas e comprovações apresentadas, ajuizar ações civis públicas e pedidos de responsabilização por improbidade administrativa.

Fonte: AF Noticias