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Artigo de Opinião | ‘A Revolução dos Bichos’ no cenário político tocantinense

*Keslon Borges | Economista e especialista em Gestão Pública

Nos últimos anos, o governo do Tocantins tem se tornado uma verdadeira fazenda política e, ironicamente, os papéis são sempre os mesmos. Mudam-se os personagens, mas o roteiro segue fiel: o aliado de ontem vira o inimigo de amanhã, e o “novo” governo chega prometendo mudar tudo… fazendo exatamente o que o anterior fazia.

Parece que a cada eleição, os discursos são tirados da mesma cartilha: “agora é diferente”, “vamos moralizar”, “acabou a velha política”. No entanto, bastam alguns meses no poder para o entusiasmo se transformar em fisiologismo, e as bandeiras da moralidade se converterem em cabides de cargos.

Assim como na Revolução dos Bichos, todos os governantes pregam que “todos são iguais”, mas alguns, curiosamente, continuam sendo mais iguais que os outros.

O ciclo eterno do poder

O Tocantins parece viver em um looping político: um grupo chega prometendo romper com o passado, e o primeiro decreto é… nomear o passado inteiro para cargos de confiança. Quem antes gritava “transparência!” agora adota o ‘sigilo administrativo’. Quem cobrava austeridade agora justifica viagens, diárias e empréstimos bilionários.

E quando alguém questiona o rumo das coisas, vem a velha frase de efeito: “É fácil criticar, difícil é governar.”

Na prática, o que muda é apenas a placa na porta do gabinete, e o grupo de beneficiados pelo banquete estatal.

O povo na plateia

Enquanto isso, a população assiste, cansada, à encenação de sempre: promessas de revolução, seguidas de acordos de bastidor, renegociações de dívidas e criação de cargos para “compensar apoios”. A máquina pública virou um grande curral eleitoral, e quem tenta colocar ordem acaba expulso da fazenda.

O mais curioso é que, mesmo após tantas “mudanças”, o Estado segue atolado em dívidas, os serviços públicos continuam capengando, e o discurso de crise é repetido como mantra, sempre com um novo culpado, nunca com um novo resultado.

A moral da história

Em A Revolução dos Bichos, os animais descobrem tarde demais que o regime que substituiu o anterior era apenas uma versão repaginada do mesmo opressor. No Tocantins, a diferença é que nós descobrimos cedo, mas fingimos surpresa toda vez.

E assim, o ciclo continua. Porque, afinal, na política local, todos prometem mudar a fazenda… mas ninguém quer largar o cocho.

Fonte: AF Noticias