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Justiça autoriza leilão de McLaren, Porsche e outros bens de luxo da influencer Karol Digital

Notícias do Tocantins – A Justiça do Tocantins autorizou, nesta sexta-feira (12), o leilão de carros de luxo e outros bens de alto valor apreendidos na investigação que mira a influenciadora digital Maria Karollyny Campos Ferreira, conhecida como Karol Digital, suspeita de integrar um esquema milionário de lavagem de dinheiro, organização criminosa e exploração ilegal de jogos de azar.

A decisão é do juízo da Comarca de Araguaína, no norte do estado, e atende a representação fundamentada nas investigações conduzidas pela 1ª Delegacia Especializada em Investigações Criminais (DEIC – Palmas). O objetivo da medida é evitar a deterioração e a desvalorização do patrimônio apreendido, garantindo a preservação do valor econômico dos ativos até o desfecho da ação penal.

A ordem judicial autoriza a alienação antecipada, por meio de leilão judicial, de veículos de luxo, maquinário agrícola, equipamentos eletrônicos, joias, semoventes e outros ativos apreendidos durante a Operação Fraus. Entre os bens estão uma McLaren Artura, avaliada em cerca de R$ 3 milhões, e um Porsche, estimado em R$ 979 mil, além de outros veículos de alto padrão.

A medida foi adotada após análise de relatórios técnicos e representações da Polícia Civil, por intermédio da 1ª DEIC Palmas, que apontaram riscos concretos de depreciação acelerada, deterioração e obsolescência dos bens mantidos sob custódia do Estado, sobretudo diante da dificuldade de manutenção e do tempo natural de tramitação do processo penal.

De acordo com os autos, a influenciadora utilizava sua alta visibilidade nas redes sociais para ostentar um padrão de vida incompatível com a renda formal declarada, ao mesmo tempo em que movimentava valores expressivos por meio de empresas e pessoas interpostas. As investigações indicam que os bens apreendidos seriam instrumentos ou produto de atividades ilícitas.

Relatórios do Núcleo de Recuperação de Ativos da Polícia Civil (NURAT) reforçaram que a manutenção prolongada dos ativos em depósitos públicos poderia gerar prejuízo irreversível ao interesse público, comprometendo o resultado útil do processo.

Com base nessas constatações, o delegado titular da 1ª DEIC, Wanderson Queiroz, solicitou ao Judiciário a reconsideração de uma decisão inicial que havia negado a alienação antecipada. O pedido foi acolhido, com fundamento na legislação processual penal e na Lei de Lavagem de Dinheiro, que prevê a medida como instrumento cautelar — distinta do perdimento, que só ocorre após condenação definitiva.

Ao autorizar o leilão, o magistrado destacou que a destinação adequada dos bens atende aos princípios da eficiência, economicidade e proteção do patrimônio público, ressaltando que a demora processual não pode resultar na perda do valor dos ativos, especialmente diante do risco comprovado de desvalorização.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) reforçou que os valores arrecadados com o leilão permanecerão depositados em conta judicial até a conclusão da ação penal. Em caso de condenação definitiva, os bens serão perdidos em favor do Estado.

O delegado Wanderson Queiroz celebrou a decisão e afirmou que o caso “reforça a importância da persecução patrimonial como instrumento estratégico no enfrentamento à lavagem de dinheiro e evidencia um Judiciário atento à necessidade de gestão eficiente dos ativos apreendidos, em sintonia com o trabalho técnico desenvolvido pela Polícia Civil do Tocantins”.

Investigação milionária

Karol Digital é investigada por envolvimento com jogos ilegais e suspeita de movimentar cerca de R$ 217,6 milhões entre 2019 e 2024, por meio de 30 contas bancárias em 13 instituições financeiras. Apenas em depósitos pessoais, ela teria recebido mais de R$ 37 milhões oriundos de plataformas ilegais.

Durante a operação, a polícia apreendeu sete veículos de luxo, sete imóveis — entre eles a chamada “Mansão da Digital”, utilizada para a gravação de um reality — além de uma fazenda avaliada em R$ 8 milhões, com criação de bovinos e cavalos.

Prisão e desdobramentos

A influenciadora foi presa em 22 de agosto, em Araguaína, durante a Operação Fraus, ao lado do namorado Dhemerson Rezende Costa, em um condomínio de alto padrão. Ambos são suspeitos de exploração ilegal de jogos de azar, associação criminosa, lavagem de dinheiro e crimes contra a economia popular.

Karol permaneceu presa na Unidade Penal Feminina de Ananás até 28 de novembro, quando obteve prisão domiciliar por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O namorado foi encaminhado à Casa de Prisão Provisória de Araguaína.

Segundo a Polícia Civil, a influenciadora simulava ganhos em apostas para enganar seguidores e promover plataformas ilegais. Conversas apreendidas revelam que ela cobrava até R$ 30 mil para divulgar sites de jogos, apesar de afirmar publicamente que não mantinha contratos com essas empresas.

Com a autorização judicial, todos os bens apreendidos passarão por avaliação oficial e serão levados a leilão, com os recursos ficando à disposição da Justiça, enquanto o processo segue em andamento.

Fonte: AF Noticias