Fundador do MBL defende reunificação do Tocantins com Goiás e provoca forte reação
Uma declaração de um dos fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL), Renan Santos, defendendo que o Tocantins deveria ser anexado novamente ao estado de Goiás, gerou forte repercussão nas redes sociais e críticas de moradores do estado. A fala foi feita durante participação em um podcast do próprio MBL e passou a circular amplamente em páginas políticas nos últimos dias.
Ao comentar o histórico político do Tocantins, Renan afirmou que o estado “não consegue manter um governador no cargo” e associou a sucessão de afastamentos e cassações a um modelo que, segundo ele, teria criado “uma elite política completamente parasitária”.
“Vamos ser honestos, o Tocantins tinha que ser anexado a Goiás. Tocantins não consegue manter um governador lá. Toda vez que o governo cai é por corrupção”, afirmou.
Na sequência, o dirigente do MBL criticou os custos institucionais do estado e defendeu abertamente o fim da unidade federativa.
“Essa elite política rouba, rouba, rouba, rouba, rouba, rouba, rouba, não consegue permanecer no poder e a gente paga. Aí tem que ter três senadores por lá, oito deputados federais. Cara, não vale a pena. Tocantins, volta pra Goiás. Deixa Goiás administrar. Vai ser melhor para Tocantins, vai ser melhor para Goiás e vai ser melhor para o Brasil”, declarou.
Críticas à criação do Estado
Renan classificou o Tocantins como um estado criado de forma “artificial” e sustentou que apenas uma elite política se beneficiaria da existência da unidade federativa.
“Os únicos que saem ganhando com a existência de unidades federativas como o Tocantins são elites específicas que ganham dinheiro e roubam. O resto não ganha”, disse, chegando a sugerir um plebiscito para extinguir o estado.
Após a repercussão negativa, Renan tentou contextualizar a fala, elogiando aspectos econômicos do Tocantins, mas reafirmou a defesa da unificação com Goiás.
“Tocantins é um estado maravilhoso, que cresceu demais por conta da agricultura, mas Tocantins e Goiás deveriam ser a mesma coisa”, afirmou.
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Reação de tocantinenses
As declarações provocaram reação imediata nas redes sociais, especialmente entre moradores que rebateram o argumento e lembraram o período anterior à criação do estado, quando a região integrava o norte goiano.
“Dos mesmos criadores do ‘vamos voltar a ser colônia de Portugal’”, ironizou um internauta. Outro comentou: “Isso aqui era norte de Goiás. Esquecido, abandonado. Agora estão vendo que tem dinheiro aqui, querem de volta?”.
Moradores também destacaram avanços econômicos e sociais após a criação do Tocantins. “Ele falou só da política, mas aqui temos o agro, as belezas naturais e o povo. Enquanto houver Justiça, governantes ruins serão fiscalizados”, escreveu outro usuário.
Instabilidade política como pano de fundo
O histórico citado por Renan Santos é frequentemente mencionado em debates nacionais sobre governabilidade no Tocantins. Desde 2006, o estado convive com sucessivas crises políticas, e nenhum governador eleito conseguiu concluir integralmente o mandato.
O caso mais recente envolve o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), afastado no âmbito da Operação Fames-19, que investiga suspeitas de desvios em contratos de cestas básicas durante a pandemia. Após cerca de três meses fora do cargo, ele retornou por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Apesar das crises recorrentes, especialistas e moradores destacam que a instabilidade institucional não invalida o processo histórico de criação do Tocantins, resultado de décadas de mobilização popular por autonomia administrativa e desenvolvimento regional.
Até o momento, o Governo do Tocantins não se manifestou oficialmente sobre as declarações do fundador do MBL.
Governadores que não concluíram mandatos
Desde 2006, sucessivas crises políticas impediram que vários governadores eleitos concluíssem integralmente seus mandatos no Palácio Araguaia:
Marcelo Miranda (MDB) – Cassado em 2009 por irregularidades na campanha de 2006; voltou ao cargo em 2015 e foi novamente cassado em 2018.
Carlos Gaguim (União Brasil) – Assumiu após cassação de Marcelo Miranda e governou até o fim do mandato tampão, mas não foi reeleito.
Siqueira Campos (PSDB) – Renunciou em 2014 para viabilizar a candidatura do filho ao governo, mas o projeto fracassou.
Sandoval Cardoso (SD) – Assumiu por eleição indireta em 2014 e não conseguiu se reeleger; posteriormente foi preso em operação que apurou fraudes em licitações.
Mauro Carlesse (Agir) – Afastado pelo STJ em 2021, renunciou em 2022 em meio a investigações por corrupção.
Wanderlei Barbosa (Republicanos) – Afastado por decisão do STJ em 2024, retornou ao cargo após liminar do STF, posteriormente confirmada pela Segunda Turma.
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Fonte: AF Noticias
