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Cânion da Ilha Negra viraliza nas redes, mas acesso é proibido por lei federal e perigoso

O Cânion da Ilha Negra, no entorno da Usina Hidrelétrica (UHE) de Lajeado (TO), tem chamado a atenção de turistas e curiosos nas redes sociais, mas por trás das imagens deslumbrantes existe uma realidade preocupante: o local é de acesso restrito, não está aberto à visitação pública e representa riscos à vida.

A concessionária Investco, responsável pela operação da usina, alerta que o cânion está dentro da área operacional da hidrelétrica, onde a presença de pessoas é expressamente proibida por lei federal. A restrição é respaldada pela Política Nacional de Segurança de Barragens (Lei nº 12.334/2010), pelo Código Florestal e por resoluções da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).

Risco real e invisível

O gestor executivo da UHE Lajeado, Edson Caldeira, explica que a restrição ao acesso tem caráter legal e preventivo. “O Cânion da Ilha Negra está inserido no leito do rio,  em uma área operacional da usina, onde a presença de pessoas é proibida por lei. Essa medida existe para proteger vidas, assegurar a segurança das operações e preservar a vegetação nativa e as matas ciliares do entorno, fundamentais para a estabilidade das margens e a qualidade da água”, ressalta.

Segurança e riscos operacionais

Apesar da beleza natural, permanecer na área significa se expor a riscos inerentes à operação da usina. Isso porque o nível do rio pode variar em tempo real, a depender de demandas do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Essas manobras ocorrem durante todo o dia, alterando subitamente a vazão de água, podendo gerar correntes fortes, sucção e choque hidráulico.

“São situações imprevisíveis, próprias da operação da usina, que tornam o cânion uma zona de risco. Por isso, a legislação exige a delimitação dessas áreas de segurança e proíbe qualquer permanência de pessoas no local”, explica Caldeira.

Além do perigo da água, o gestor lembra que o ambiente apresenta pedras escorregadias e risco de acidentes. “Não se trata apenas de uma questão técnica da usina, mas de um cuidado necessário com a vida das pessoas que, muitas vezes, desconhecem os riscos”, reforça.

Proteção ambiental e combate a crimes

Além disso, o Cânion da Ilha Negra está inserido em uma área de preservação permanente (APP), onde a presença humana não autorizada pode gerar danos ambientais, como pesca irregular, caça, retirada de vegetação e outros crimes previstos em lei.

“Nossa responsabilidade é também zelar pelo patrimônio natural da região. A restrição evita a degradação de áreas sensíveis, protege a fauna e a flora locais e contribui para a sustentabilidade do reservatório”, afirma o gestor.

Fiscalização e sinalização

A área é delimitada por placas de advertência e boias, deixando clara a proibição de acesso. A fiscalização deve contar com o apoio de órgãos como Marinha, Polícia Ambiental e Prefeituras, que podem aplicar sanções administrativas e criminais em caso de descumprimento.

“Toda a sinalização foi instalada em conformidade com a legislação. Respeitar esses limites é uma obrigação de todos, porque se trata de uma medida de segurança coletiva. O descumprimento não é apenas uma infração, mas um risco desnecessário para quem insiste em entrar na área proibida”, reforça o gestor.

Visitação

Embora o Cânion da Ilha Negra seja inacessível ao público, a UHE Lajeado mantém um programa de visitas guiadas. As atividades acontecem semanalmente, sempre às quintas-feiras, mediante agendamento prévio, em áreas externas e seguras da Usina. Nessas ocasiões, estudantes, pesquisadores e a comunidade podem conhecer de perto o funcionamento da hidrelétrica, além de receber informações sobre energia e sustentabilidade.

“Entendemos o interesse das pessoas pela beleza do cânion, mas é fundamental reforçar que há alternativas seguras para conhecer a usina. Nossas visitas guiadas permitem essa aproximação com responsabilidade, fora das áreas operacionais, em total conformidade com a legislação”.

Orientação à comunidade

A Investco reforça que, toda a região à jusante da Usina, ou seja, imediatamente abaixo da hidrelétrica não pode ser acessada, isso inclui também a região dos pedrais defronte o vertedouro. Diante da recente exposição espontânea do cânion, a mensagem principal é clara: respeitar a sinalização e as orientações oficiais.

“As restrições de acesso não existem por acaso. Elas são fundamentais para proteger vidas, preservar o meio ambiente e garantir a operação da usina. A população pode e deve desfrutar do lago e de seus atrativos, mas sempre dentro dos limites permitidos e seguros”, conclui Edson Caldeira.

O Cânion da Ilha Negra está inserido em uma área de preservação permanente (APP)

Fonte: AF Noticias