Em clima harmônico, Amélio diz que votaria em Dorinha se não fosse votar em si mesmo
A política tem lá seus momentos de sincericídio embalado em diplomacia. Foi o que se viu na fala do deputado estadual Amélio Cayres (Republicanos) durante o 1º Encontro de Vereadores do Bico do Papagaio, realizado neste sábado (28), em São Bento do Tocantins.
Diante de um público de cerca de 200 legisladores municipais, o parlamentar não economizou elogios à senadora Professora Dorinha (UNIÃO) – e ainda deu um toque de leveza à pré-campanha com uma frase que, entre risos, soou mais sincera do que casual: “Eu, se não fosse votar em mim mesmo, acho que votava pra ela.”
A fala, embora descontraída, lança luz sobre o tabuleiro sucessório que começa a se formar no Tocantins com vistas a 2026. Amélio, aliado do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) e pré-candidato ao Palácio Araguaia, adotou uma postura que mistura cortesia política e cálculo estratégico. Elogiar Dorinha – que também desponta como pré-candidata ao governo e tem conquistado apoio de prefeitos, não é apenas sinal de boa convivência: é uma forma de se manter no centro do jogo.
Ao destacar que Dorinha está “super preparada” e é uma mulher “trabalhadora, honrada”, Amélio reconhece o peso político da senadora sem romper pontes. Em tempos de alianças fluidas e discursos testados a cada evento, esse tipo de declaração vale ouro: sinaliza disposição para o diálogo, flexibilidade e, mais importante, empatia com o eleitorado que já enxerga Dorinha como nome viável ao Executivo estadual.
A frase “se eu não fosse votar em mim mesmo” também funciona como uma espécie de licença poética que humaniza o político e o aproxima do público. Ao falar com bom humor, Amélio se apresenta como um jogador que respeita o adversário – ou, quem sabe, a futura aliada.
Por outro lado, há um recado embutido. Quando o deputado afirma que “Deus só dá o fardo que a pessoa pode carregar”, ele sinaliza que aceitará o que vier: seja o protagonismo na cabeça de chapa ou a condição de apoiador – desde que o projeto seja viável e respeite o equilíbrio político regional. E com Wanderlei e Amélio afinados no discurso e nas agendas pelo interior, como demonstram eventos recentes no norte do Estado, o recado parece ser claro: o campo governista ainda está em construção.
Dorinha também está com o discurso afinado. “Com essa união, quem ganha é o povo”, afirmou ela no mesmo evento – frase que dialoga diretamente com o tom conciliador adotado por Amélio.
No fim das contas, o “voto” hipotético do deputado pode até não se concretizar nas urnas, mas já rendeu um gesto simbólico: abriu espaço para uma relação política respeitosa e – quem sabe – um alinhamento estratégico mais à frente.
Fonte: AF Noticias