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Esquema cibernético desvia quase 70 veículos de locadora e tem ramificações no Tocantins

A Polícia Civil do Tocantins participou de uma grande ação de combate ao crime organizado digital na manhã desta quarta-feira (10). A Operação Checkout mira uma organização altamente especializada em invadir sistemas corporativos, fraudar locações e desviar veículos de uma grande empresa nacional do setor automotivo.

A força-tarefa, capitaneada pela Polícia Civil do Ceará, revelou a atuação de um grupo estruturado que movimentou milhões de reais e espalhou prejuízo por diversos estados, incluindo o Tocantins.

Como a quadrilha agia

As investigações apontaram que os criminosos obtiveram, por meios ilícitos, credenciais internas da locadora — o que lhes permitiu acessar a plataforma de reservas como se fossem funcionários autorizados. A partir daí, realizavam locações falsas, retiravam os carros legalmente nos balcões da empresa e, logo depois, estes veículos eram “sumidos” do mapa.

O esquema desviou pelo menos 68 automóveis, muitos deles revendidos em redes sociais, aplicativos de mensagens e até na Dark Web, onde eram comercializados com documentos adulterados ou destinados a desmanches e envio clandestino para outros estados.

Operação no Tocantins: foco em Palmas

No Tocantins, a ofensiva se concentrou em Palmas, onde equipes da Divisão Especializada na Repressão a Crimes Cibernéticos (DRCC/TO), da DRACCO, da 1ª DEIC e da DRCOT cumpriram três mandados de busca e apreensão. O objetivo: identificar possíveis ramificações locais e coletar provas que ajudem a mapear toda a cadeia criminosa.

As medidas envolveram apreensão de dispositivos eletrônicos, documentos e possíveis registros de transações feitas pelo grupo. As ordens judiciais fazem parte de um conjunto maior que inclui 17 mandados de busca, um de prisão preventiva e o bloqueio judicial de aproximadamente R$ 3 milhões em bens por investigado.

Tocantins tem papel estratégico no avanço da investigação

Segundo a delegada Luciana Midlej, titular da DRCC/TO, o trabalho realizado no estado foi determinante para a execução das medidas judiciais e para a obtenção de novas evidências que fortalecem o inquérito. Para ela, a ação demonstra o quanto a integração entre as polícias estaduais se tornou essencial diante da sofisticação dos crimes cibernéticos atuais.

“A atuação do Tocantins reforça a importância do trabalho conjunto e contribui diretamente para identificar e responsabilizar os envolvidos nesse tipo de crime complexo”, afirmou.

Prejuízos milionários e rastro interestadual

O golpe causou prejuízos superiores a R$ 5 milhões à locadora de veículos. Além disso, a rota dos carros desviados mostra que o esquema é amplo: alguns veículos foram enviados para outros estados, outros desmontados e parte deles inserida no mercado clandestino com nova identidade veicular, dificultando o rastreamento.

A investigação aponta que o grupo praticava múltiplos crimes ao mesmo tempo: invasão de dispositivo informático, furto qualificado por fraude, falsidade ideológica, organização criminosa e lavagem de dinheiro — um pacote que pode resultar em penas combinadas superiores a 30 anos de prisão.

Próximos passos

Com a quebra de sigilos telemáticos e telefônicos autorizada pela Justiça, os investigadores agora avançam para identificar financiadores, compradores e laranjas envolvidos no desvio dos veículos. A polícia também investiga possíveis conexões da quadrilha com redes de receptação que operam no Norte e Nordeste do país.

Fonte: AF Noticias