Isolados no Everest, empresários aguardam vagas em voos para voltar ao RS
A pandemia de Covid-19 aproximou dois gaúchos de Porto Alegre e de Passo Fundo, no Norte do estado, aos pés do Monte Everest, no Nepal. Nathan Chesini, 28 anos, e Manolo Frediani, 31 anos, não se conheciam até o começo do mês, quando precisaram se juntar para buscar ajuda do governo brasileiro para retornar ao Brasil, já que o país da Ásia, a exemplo de dezenas de nações, impôs medidas restritivas de circulação em seu território.
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O porto-alegrense Nathan passou por diversos países, em cinco meses, antes de chegar ao Everest. O “mochilão” incluía Austrália, Singapura, Sri Lanka, Índia e, por fim, o Nepal.
Já o passo-fundense Manolo fez uma escala na Turquia e foi direto à montanha de pico mais alto do mundo. Ele partiu no dia 5 de março com o objetivo de fazer três trilhas. Porém, quando chegou a uma vila chamada Lobuche, soube dos cancelamentos dos voos internacionais, e decidiu seguir até o Everest Base Camp, no sopé da montanha.
“Não é uma situação crítica, sem comida, sem água. É que você programa uma viagem de 20 dias e passa a ter um planejamento sem sentido, porque está tudo travado”, diz Manolo. “Ninguém quer que o governo pague nada. A única coisa é que a gente consiga voltar para o nosso país. Afinal, não fiz um planejamento para morar no Nepal. Fiz para vir e voltar.”
Os dois se encontraram em Lukla, outro vilarejo nepalês, com mais brasileiros. De lá, foram em um voo com outros estrangeiros para a capital, Katmandu, onde esperam desde sábado (28) por uma vaga em um voo comercial para o Brasil — ou pela intervenção do governo para buscar os expatriados, já que o tempo passa e as fronteiras do Nepal seguem fechadas.
“A perspectiva é que elas fiquem fechadas por mais três semanas. Outras nacionalidades estão sendo buscadas diariamente. O governo brasileiro [é] indiferente. Estamos em contato diário com a embaixada. São extremamente solícitos e bons conosco, maas o governo não libera nenhum tipo de ajuda. Que seja pagar um hotel pra quem está ficando sem dinheiro ou a perspectiva de sermos repatriados, que é a única maneira de voltarmos, infelizmente. Se for esperar pra voos comerciais ficaremos um mês aqui”, reclama Nathan.
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Nathan Chesini, de Porto Alegre, aguarda em Katmandu por uma vaga em voo para voltar ao Brasil — Foto: Arquivo Pessoal
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, existem 15 brasileiros nesta situação no Nepal, além de milhares de outros em 81 países ao redor do mundo.
“A prioridade continua a ser acomodá-los nos voos comerciais ainda existentes. Casos específicos de fechamento de espaço aéreo são analisados individualmente para viabilização da melhor solução para lograr o objetivo da repatriação. O Itamaraty está estudando formas de conseguir deslocar todos os brasileiros para a capital e dali para o Brasil”, afirmou o ministério.
Até o momento, segundo o órgão ministerial, cerca de 8,3 mil brasileiros foram repatriados desde o início da crise do coronavírus.
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Manolo Frediani, de Passo Fundo, estava no Everest quando o Nepal fechou as fronteiras devido ao coronavírus — Foto: Arquivo Pessoal
Segundo a Organização Mundial da Saúde, apenas cinco casos de Covid-19 foram confirmados no Nepal até o último sábado. Porém, mesmo com menos registros no país asiático do que no Rio Grande do Sul, por exemplo, os dois empresários querem voltar para casa.
“O melhor é passar por esse momento de crise do lado de quem a gente ama, e não sozinhos aqui do outro lado do mundo”, afirma Nathan.
“Ninguém está com medo do coronavírus nessas horas. Você estar do outro lado do mundo é horrível. Acho que todo mundo prefere ficar com a família em casa”, diz Manolo.
Até esta segunda-feira (30), ainda não havia previsão de retorno para os brasileiros no Nepal.
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Coronavírus: infográfico mostra principais sintomas da doença — Foto: Foto: Infografia/G1
Fonte: G1
