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Jovem agredido durante show relata racismo e intimidação: ‘falaram que comprariam a justiça’

 Um caso de violência durante um show que contou com a participação do grupo de pagode Menos é Mais, realizado no último sábado (6/9), em um shopping da capital, ganhou repercussão após o fotógrafo e produtor audiovisual Jean Costa Melo, conhecido artisticamente como Pretorec, publicar nas redes sociais um vídeo denunciando agressões, racismo e intimidação.

Segundo Jean, que trabalhava vendendo copos e estava credenciado pela organização do evento, ele foi cercado por seguranças ao tentar entrar por engano na área do bar. Mesmo exibindo a pulseira de identificação, foi alvo de agressões e xingamentos. As imagens feitas por uma testemunha e divulgadas nas redes sociais mostram o momento em que ele é imobilizado por um segurança com um mata-leão e carregado para fora do local sem reagir.

Uma testemunha que estava no bar no momento da ocorrência relatou:

“Vi o momento do ato, estava comprando bebida no bar, o cara estava parado como se estivesse procurando alguém ou a saída. Os seguranças chegaram, falaram algo e já começaram a agressão brutalmente, sem necessidade alguma. Em nenhum momento o rapaz sequer reagiu. Ele estava imobilizado, no chão, e eles continuaram a agredir ele.”

“Fui totalmente tratado com hostilidade. Tentaram tomar meu celular e minha bolsa, que estava com minha câmera de trabalho. Eu estava credenciado, com a pulseira no braço, e ainda assim sofri agressões físicas, fui jogado para fora e tive ferimentos graves”, relatou Jean. O fotógrafo contou que levou pontos na pálpebra, sofreu lesões no joelho e hematomas no rosto e no nariz.

Além das agressões físicas e xingamentos, Jean afirma que foi alvo de uma tentativa de intimidação para não registar o caso na polícia. “Chegaram a dizer que eu seria acusado de agredir uma segurança mulher, que tinham 20 advogados para me colocar como culpado e que poderiam ‘comprar a justiça’”, denunciou no vídeo.

Assista o vídeo:

O caso foi registrado pela Polícia Militar inicialmente como “vias de fato”, após denúncia de suposta fraude com maquininha de cartão. O boletim de ocorrência, no entanto, contrasta com o relato da vítima e cita apenas mais um envolvido, possivelmente a segurança apontada por Jean como parte da tentativa de incriminação. Jean informou que registrou a ocorrência também na delegacia.

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O outro lado

A produtora responsável pelo evento é a Diversões Entretenimento. A empresa alegou que “em momento nenhum houve racismo” contra a vítima. Sem comentar as denúncias de excesso por parte dos seguranças, a produtora limitou-se a afirmar que o fotógrafo não prestava serviços para a empresa e que “nunca foi dada qualquer autorização para ele”.

Denúncia no Minstério Público

Diante da repercussão, o mandato coletivo SOMOS protocolou uma denúncia formal no Ministério Público do Tocantins (MPTO), pedindo a abertura de investigação. “Esse caso mostra a urgência de continuarmos mobilizados contra o racismo estrutural. Estamos ao lado da vítima e cobraremos que a justiça seja feita”, declarou a porta-voz, a co-vereadora Thamires Lima.

O fotógrafo agradeceu ao atendimento recebido por seguranças do shopping e pela equipe da UPA Norte após a agressão, mas cobrou resposta das autoridades estaduais. “Não quero que outras pessoas passem pelo que eu passei. Isso não pode ficar impune”, afirmou.

O que diz o Capim Dourado Shopping

“A administração do shopping vem acompanhando o assunto e continua à disposição para colaborar com o que for necessário. Na ocasião, equipes de segurança da produção do evento atuaram na ocorrência. Posteriormente, a equipe de segurança do shopping foi acionada e prestou o suporte devido.

A administração reforça ainda que, em suas dependências, preza pela segurança e bem-estar de todos.”

Fonte: AF Noticias