Laurez ignora pedido de veto da ATM e sanciona isenção de IPVA para elétricos e híbridos
Notícias do Tocantins – Em meio a críticas e a um pedido formal de veto da Associação Tocantinense de Municípios (ATM), que representa prefeitos de todo o Estado, o governador Laurez Moreira (PSD) sancionou a Lei nº 219/2025, garantindo a isenção do IPVA para veículos elétricos e híbridos adquiridos em concessionárias instaladas no Tocantins.
A medida, publicada no Diário Oficial desta sexta-feira (28/11), reforça a estratégia do governo de apostar em políticas de mobilidade sustentável — mesmo sob resistência dos gestores municipais, que alertaram para possível queda na arrecadação.
A nova legislação altera o Código Tributário Estadual para garantir isenção total do IPVA, até 31 de dezembro de 2026, a veículos com mais de um motor de propulsão, incluindo pelo menos um elétrico. O benefício deverá ser solicitado conforme normas complementares da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz), ainda a serem publicadas.
Medida avança, apesar da pressão
A sanção ocorre após a ATM emitir nota contundente pedindo que Laurez vetasse o projeto, aprovado pela Assembleia Legislativa no início de novembro. Os prefeitos argumentaram que a renúncia fiscal ameaça o financiamento de serviços essenciais, já que 50% da arrecadação do IPVA pertence aos municípios. Segundo a entidade, a isenção beneficiaria um grupo econômico restrito, sem impacto ambiental relevante, ao passo que agravaria o já frágil quadro fiscal das prefeituras.
Mesmo assim, o governo decidiu levar adiante a política de incentivo. “O Tocantins avança com responsabilidade e visão de futuro”, afirmou o governador. “Ao sancionar a isenção do IPVA para veículos elétricos e híbridos adquiridos em concessionárias do Estado, reforçamos nosso compromisso com a sustentabilidade, a inovação e a melhoria da qualidade de vida da população.”
Vetos para preservar equilíbrio fiscal e segurança jurídica
Embora tenha sancionado o núcleo do projeto, o governo vetou dois dispositivos considerados problemáticos pela Sefaz e pela Assessoria Jurídica:
-
Restituição retroativa de IPVA já pago, por gerar impacto financeiro imprevisível e risco de enriquecimento sem causa;
-
Entrada em vigor imediata ainda em 2025, o que violaria princípios de responsabilidade fiscal.
Com os vetos, a isenção só passa a valer a partir de 1º de janeiro de 2026, permitindo que o Estado incorpore a renúncia fiscal ao planejamento do próximo exercício.
Incentivo ambiental e impulso econômico
O governo defende que a medida acelera a modernização da frota e torna os veículos de menor emissão mais acessíveis. Os efeitos ambientais — como a redução de gases de efeito estufa e a melhora da qualidade do ar — somam-se ao impacto econômico, já que a compra deve ocorrer exclusivamente em concessionárias instaladas no Tocantins, fortalecendo o setor automotivo local.
ATM pediu veto
A Associação Tocantinense de Municípios, entretanto, sustentou que a isenção pode desequilibrar orçamentos municipais responsáveis por financiar saúde, educação, infraestrutura e iluminação pública. A entidade reforçou que:
-
a frota de elétricos e híbridos no Estado ainda é pequena — pouco mais de 300 veículos vendidos em 2024;
-
o impacto ambiental seria limitado;
-
e a renúncia fiscal prejudicaria diretamente a população que depende dos serviços municipais.
Para os prefeitos, sancionar o projeto significaria “um grave retrocesso” e comprometeria o equilíbrio orçamentário das cidades.
Mesmo diante da pressão, o governador manteve o incentivo fiscal, consolidando o Tocantins entre os estados que apostam na mobilidade elétrica como política de Estado.
- Acompanhe diariamente as notícias do Tocantins pelos nossos canais no WhatsApp, Telegram, Facebook, Threads e Instagram.
Fonte: AF Noticias
